quinta-feira, setembro 10, 2009

Há quantos anos eu não via seu rosto... Você estava tão linda. Eu lembrava daquela menina, das nossas voltas sem rumo, dos beijos escondidos. Lembrava de você tão assustada, mas tão encantadoramente atraente. Eu lembro das muitas besteiras que fiz, das lágrimas que vi você deixar escorrer, das tantas vezes que fui embora, muitas vezes, sem ao menos me despedir, das nossas declarações. Lembro que você ainda me ligava, às vezes, só para saber como eu estava e eu não fui capaz de te ligar nem sequer dez vezes ao longo desses sete anos. Eu sempre pensei em você, sempre a mantive no meu coração, embora nossa história nunca tenha tido um momento de calmaria. Pensar em tudo que se passou, que se pôde sonhar e não realizou... Depois de tanto tempo fora da cidade, eu já podia imaginar que, ao voltar, eu a encontraria. Eu também sabia que você saberia da minha volta, mesmo não falando comigo há tanto tempo. Eu voltei, mas já pensando em ir embora. Eu voltei, mas não voltei sozinho. Eu voltei e te procurei em meus pensamentos, alimentando um desejo incontido de encontrá-la mais uma vez. E lá estava você. Em meio ao abarrotado de pessoas, ao som de um dos meus cantores favoritos, de alguma maneira, eu senti sua presença e olhei pra trás. Foi quando eu só pude ver você, dançando e sorrindo. Aquele mesmo sorriso da menina assustada que conheci. Eu queria te olhar, precisava ser discreto, mas você também me viu. E eu só consegui sorrir. Eu queria sair de lá e correr ao seu encontro. Abraçar, beijar, ter a prova de que era real. Mas eu não podia! Justamente eu, que sempre fui livre, que sempre fui e voltei para onde bem entendesse. Eu estava a cinco passos de você, mas só pude olhar. Em um momento de distração, você desapareceu. Eu ainda a procurei com os olhos em todos os rostos ao meu lado, mas fui indagado por conta da minha aflição. Tenho a impressão de tê-la visto ao longe, indo embora, mas eu estava com as mãos atadas. Por favor, apareça para tirar minha vida do lugar! Apareça para que eu possa ir embora dessa cidade, de novo, em paz, com você.

Um comentário:

Li disse...

Lindo! Você faz contos como ninguém...