domingo, maio 30, 2010

Naquele dia, ela dirigiu mais rápido que o habitual, com os vidros abertos, e escutou, em um volume além do suportável, o último CD que havia comprado. Corria para deixar para trás cada tristeza e cada frustração dos últimos dias. O vento entrava para secar a enxurrada de lágrimas, que parecia cair em harmonia com a música. Ouvia um som tão alto (sem cantar junto) exatamente para tentar não escutar seus pensamentos. Ela ignorava cada placa, na esperança de que ainda soubesse o caminho de casa. De repente, foi parada em um posto policial. Ela se limitou a olhar, sem nenhuma expressão, para o policial e foi liberada - "Pode prosseguir, senhora. Boa viagem." - e ela seguiu com a impressão de que havia uma expressão de compaixão no rosto do rapaz fardado. Quando notou, já estava em uma estrada familiar, a caminho de casa. Tudo parecia no lugar, menos seu coração. Ela o deixou na estrada, para que, talvez, ele também encontre o caminho de casa.

segunda-feira, maio 24, 2010




Não fique triste assim
Não vale a pena
Erros e acertos
São filhos do mesmo pai
E a mãe que fez a dúvida
Deu vida a certeza

O tempo há de mostrar
O mundo se transformar
Mais triste é quem diz
Que para um problema
Só existe a solução
Da matemática

O que me faz feliz
São coisas pequenas
Um lindo arco-íris
Riscando o fim de tarde

E eu olho pra você
E vejo toda a graça
Seus olhos brilham pretos
Seus lábios sem palavras
Seus gestos com timidez
Seus dedos bem pintados
Seu rosto sem segredos
Sorrindo leite em lágrimas

Guarde esse amor
Ele é todo seu
Lindo como a flor
Livre como um deus

[Livre como um Deus - Nando Reis]

sábado, maio 22, 2010

Já não é de hoje que eu havia decidido que pensaria inúmeras vezes antes de me entristecer ou deixar escorrer uma lágrima. Já não é de hoje que eu percebi que muitas pessoas parecem sofrer "à toa", embora, para elas, a dor daquele momento é a pior de todas (geralmente, dores de [des]amor). Só o dono da dor sabe o quanto dói. Há não muito tempo, eu cheguei à conclusão de que essas dores do coração são naturais, mas que não valem toda nossa dedicação. Tristeza de verdade é perder alguém por força maior - a morte é uma coisa muito complicada de se entender mesmo. É natural ficar triste pelo término de qualquer tipo de relacionamento, por exemplo, mas daí a parar sua vida em função disso, eu sempre achei um tanto exagerado. É mais que compreensível a tristeza ao descobrir (ou se deparar com) uma mentira, uma decepção, mas carregar mágoa e rancor por muito mais tempo só vai fazer mal a quem não consegue superar tal dor. Afinal, quem causou esse sentimento, geralmente, não parece se importar muito com a pobre criatura sofredora. E eu nem sei se isso pode ser considerado uma maldade, de fato. É a vida, talvez. Mas há dias em que, apesar de tudo estar aparentemente bem, a dona tristeza bate à porta e entra, sem que tenhamos muita escolha. Ela fica ali sentada no sofá, olhando pra nossa cara, desafiando nosso autocontrole. Muitas vezes, ela vem disfarçada - aparece em forma de angústia, insegurança, irritação, desânimo. Não importa muito a vestimenta, o fato é que ela está por perto e cabe a nós, pobres mortais, controlar a situação. Ela pode usar qualquer acontecimento como uma desculpa plausível para dar as caras: carência afetiva, falta de dinheiro, desemprego, aparência física, problemas de saúde, saudade... (ou tudojunto mesmo). Podemos nos render, deitar no colo dela e chorar até desidratar, só para que ela não perca viagem. Podemos sair de casa e deixá-la sozinha; pode ser que ela fique entediada e vá embora (ou não). A boa notícia é que uma hora ela vai embora, sim, mas, nesse caso, não precisamos ser bons anfitriões - quanto antes ela for embora, melhor.


Então, hoje, eu já coloquei a vassoura atrás da porta.


Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar...

sexta-feira, maio 21, 2010

Uma das que gosto mais...

Nunca mais aquele abraço.
                   aquele beijo.
                   aquela saudade.
                   aquele sorriso.
                   aquele cheiro.
                   aquela esperança.
                   aquele se.
                   você.
                   eu.
                   nós(?).

Para sempre, nunca mais.

quinta-feira, maio 20, 2010

Em tempos de vacas anoréxicas, resolvi parar com essa história de pagar para andar sem sair do lugar (leia-se: fazer esteira na academia) e colocar as pernocas para andar, de verdade. Pelo menos três vezes por semana, eujuroquevoutentar percorrer um trajeto de 4,5 km a pé, passando pelo bairro em que morei os meus primeiros 15 anos de vida, reparando em cada casa que virou estabelecimento comercial (inclusive a minha) e dando "bom dia" para as vovós e vovôs em suas caminhadas matinais.
Esta semana eu já fiz a minha parte.

terça-feira, maio 18, 2010

Quando as coisas acontecem assim, de uma hora pra outra, seja coisa supostamente boa ou supostamente ruim, pode ter certeza de que aí tem. O que parece ser bom talvez não seja tão bom assim. E o que é ruim tem sempre o seu lado bom, sim. Desde um namoro que está prestes a virar casamento em pouquíssimo tempo até o quase casamento que fracassou sem muita explicação - tome cuidado ou agradeça (aí tem).

quinta-feira, maio 13, 2010

Será que eu posso ser considerada uma pessoa suspeita?

[Senhora, por favor, para que possamos efetuar o embarque, é preciso retirar seu braço.]
De uns tempos pra cá (e bota tempo nisso) eu tenho lido e ouvido algumas (muitas) coisas sobre relacionamento, comportamento e outros entos do gênero. E de tudo que eu ouvi e li (pouco falei, acredite), me deparei com algumas constatações muito óbvias, mas que tem gente que parece não entender. Escolhi três, só para uma pequena demonstração.

Personalidade forte, muitas vezes, significa que o ser é pra lá de inconveniente (chato, mal-amado, infeliz).
Quem se diz muito bem-resolvido, na verdade, é abarrotado de insegurança e medo.
Quem desdenha quer comprar, sim.

terça-feira, maio 11, 2010

Minha mais nova descoberta.
Um charme.
(...) When I fall in love, I take my time
There's no need to hurry when I'm making up my mind
You can turn off the sun but I'm still gonna shine and I'll tell you why
Because
The remedy is the experience. It is a dangerous liaison
I say the comedy is that its serious. Which is a strange enough new play on words
I say the tragedy is how you're gonna spend the rest of your nights with the light on
So shine the light on all of your friends when it all amounts to nothing in the end.
I won't worry my life away.

[The remedy]

quarta-feira, maio 05, 2010

"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."
[Gabriel García Márquez - "Memória de minhas putas tristes"]

terça-feira, maio 04, 2010

Porque eu gosto muito de coisas assim.

Próximos shows:

Recife - teatro Guararapes - 04 (hoje), 05 e 06 de maio, às 21h.
São Paulo - teatro Anhembi - 08 de maio, às 18h. E 9 de maio, às 21h.
Porto Alegre - teatro Sesi - 12, 13, 14 de maio, às 21h.
Brasília - teatro Nacional - 19, 20, 21, 22, ás 21h e 23 de maio (duas sessões) às 18h e 21h
Preços: de R$ 50 a 140, com pequenas variações em cada capital


segunda-feira, maio 03, 2010

Carnaval de 2009 - sete picadas de borrachudo.
Churrasco entre amigos no feriado de 1º de maio de 2010 - catorze picadas de borrachudo.

Detalhe que a pessoa em questão tem alergia, claro. As picadas não só coçam e incham, mas doem também.

Ai.