segunda-feira, abril 02, 2012

(...)
queria ter escutado Setembro
antes que pudesses viver aqui, neste corpo
na frágil inocência do coração.
Nunca falamos a mesma língua
porque escrevemos amor em coisas diferentes
e nem todas as flores chegam para construir pontes.
Se eu escutar Setembro
já não vai ser amor, mas um reflexo de água
da vontade de continuar a amar-te.

Mas não sei voltar ao mar, à casa
lançar a espuma dos dias na cara.
Estou perdida
sozinha, longe
e não sei o caminho para lugar nenhum
porque quando abro os olhos todos os lugares são teus.

[Ana Marta Fortuna]

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Palavra do ano [e da vida]:

Tolerância

[...] tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às adotadas por si mesmo

Ou, ainda:

[...] Rubrica: toxicologia.
Capacidade de o organismo suportar doses de determinada substância sem apresentar sinais de intoxicação 

(P.S.: sinta-se livre para caracterizar “determinada substância”)

Ainda me impressiono com a tolerância zero das pessoas sobre assuntos pouco relevantes. Por exemplo: estilo musical e programas de televisão. Não adianta, lixo musical e programas sem conteúdo sempre vão existir. Afinal, se existem, é porque há quem goste. Discutir/contestar/blasfemar não mudam absolutamente nada no mundo. Acredite. As músicas(?) vão continuar tocando, os programas passando e você, se irritando. Mude de canal, de rádio, de ambiente ou, ainda, abstraia. Os fones de ouvido são uma bênção para quem frequenta ônibus, trens, metrôs, barcas...

Os famigerados assuntos: política, religião e futebol.
Política, ok. Isso sim faz diferença na nossa vida (mas, ainda assim, há discussões e discussões). O mais importante: não discuta com quem não quer discutir. Sério.
Religião, não. Cada um tem o direito de pensar e agir como quiser no que diz respeito à fé (ou à falta dela).
Futebol, não, não e não. Você tem o seu time preferido, eu tenho o meu e os jogadores têm o salário deles. 

Agora, infelizmente, tenho que mencionar a intolerância de colegas de profissão (e interessados no assunto): erros de português.
Eles estão aí, aos montes. Tudo bem, é mania (obrigação pessoal, talvez) apontar os erros que encontramos pelas ruas. Mas daí a deixar de almoçar num lugar ou comprar algo de alguma loja porque há um erro no cardápio ou na placa... Exagero, não? Por que se aborrecer com algo que você nem foi pago para revisar?

Ainda é preciso mencionar os erros dos próprios revisores. É claro que alguns precisam ser apontados para que não voltem a ocorrer (e para o bem do revisor, já que há muitas pessoas intolerantes em editoras, rs), mas eu, pessoalmente, só me preocupo com erros de português alheios quando isso faz alguma diferença na minha vida: um revisor que contratei ou um amigo que estimo (ou os dois juntos). E nem adianta me dizer que “revisores que cometem erros sujam a imagem da profissão”. 

Existe alguma profissão livre desse mal?