domingo, maio 31, 2009

Ao longo da vida, da minha vida, foram e são feitas inúmeras descobertas.
Muitas delas não são tão bacanas assim, como, por exemplo, o fato de descobrir que existem pessoas más de verdade na vida real, e não só nas histórias de contos de fadas(?) que eu ouvia quando era criança.
Horrível descobrir que o Papai Noel não existe e que quem respondia às minhas cartinhas (sim, o meu Papai Noel era muito educado e sempre me escrevia) era, na verdade, o meu irmão. Impressionante descobrir que o Mundo de Beakman era dublado e, pior, as cartas que enviavam eram falsas [tenho traumas com cartas, eu acho].
Interessante quando você se dá conta que o Chaves e o Chapolin eram o mesmo ator e, mais, o Programa do Chaves é em espanhol! Além disso, a Chiquinha era adulta.
Muito triste saber que seu primeiro amor/beijo morreu muito jovem, de um câncer raro, que você nunca teve coragem de perguntar a respeito para ninguém.
É um pouco estranho descobrir que a Vovó Mafalda e a Velha Surda da Praça são homens e o Bozo deveria ser uma figura simpática e não aterrorizante, como eu achava.
No entanto, bacana foi poder acompanhar a Deborah Secco com os mesmos dilemas que os meus, em Confissões de Adolescente.
Difícil entender, aos 15 anos, que a sua tentativa de namorado, na época, achou mais interessante ficar com uma mulher de 22 anos e você a considerava uma velha.
Cruel sentir tanta cólica, tudo porque seus hormônios estão desorientados por conta do fim da infância e início da adolescência.
É complicado processar a ideia de que enquanto você brincava de Barbie, aos 12 anos, hoje, há meninas que ficam grávidas. Os tempos mudaram, MESMO.
Assustadora a responsabilidade de escolher uma profissão aos 18 anos, sem nem saber muita coisa sobre essa tal de vida adulta.
E o café da manhã sempre pronto logo cedo? E a minha coleção de bonecas? E a despreocupação com relação ao amanhã? E a metade do abacate que meu pai sempre me dava porque sabia que eu gostava? E os bolinhos de chuva da minha avó? E as brincadeiras de cócegas que minha mãe e eu tínhamos?
Ficou tudo guardado no rol das boas lembranças.
E por mais que dê medo, a vida adulta ainda consegue ser surpreendentemente boa, apesar de todas as descobertas negativas que já vieram e estão por vir.

(...) - Eu quero dizer o que eu não sei o que quer dizer, e quero que você diga tudo que você não sabe o que quer dizer! ...
- Mas isto é impossível! ... As palavras nunca chegam...
- Dane-se! Eu quero dizer! Missão impossível! Quero missão suicida! Alguma coisa heroica tem de ser feita neste país; se nada acontece mais no mundo, se todos mentem, o heroísmo está em se dizer
tudo!


[Eu sei que vou te amar]

sábado, maio 30, 2009

Bilhete para uma letra A

Eu estava tentando encontrar um meio de te deixar um recado, mas eu descobri que não consigo falar, que cartas são piegas e o telefone é muito frio. Então, eu resolvi te deixar um bilhete. Bilhetes me interessam mais, então preciso ser breve.
Eu não vou te chamar de Amigo e tampouco de Amor. Eu não quero que você seja (só) meu amigo, mas também não quero que você sinta-se muito amado, consegue entender?
Meu caro, lembra daquele dia? Claro que você não lembra... Foram tantos e, ao mesmo tempo, nenhum, não é? Lembra quando levávamos a vida de uma maneira despretensiosa sem nem imaginar o que aconteceria tempos depois? Lembra quando não tínhamos a mínima ideia do que seria do futuro, de nós no futuro? Eu lembro, e queria poder dividir isso com você.
Eu quero que você lembre junto comigo para eu me sentir menos sozinha. A vida anda muito vazia nos últimos tempos, não acha? Continuamos sem saber o que vai ser do futuro, de nós no futuro, mas não existe mais aquela expectativa, aquela ânsia para descobrir. Parece que só estamos vivendo. Vivendo e ponto.
Amigo Amado, falta pouco para esse bilhete ser uma carta, então, só me responde:
Você sente minha falta? Você quer que nossos futuros caminhem juntos? Você gosta dos nossos sorrisos, juntos, tanto quanto eu gosto?
Amado Amigo, não demora para responder, o trem está correndo cada vez mais e eu só tive tempo de te deixar um bilhete. Pode me ligar, mandar uma carta ou me encontrar. Contanto que você venha acompanhado de um SIM, só para me fazer feliz.
Beijos, com carinho...
Sua (...)

sexta-feira, maio 29, 2009

Sun been down for days
A pretty flower in a vase
A slipper by the fireplace
A cello lying in its case
Soon she's down the stairs
Her morning elegance she wears
The sound of water makes her dream
Awoken by a cloud of steam
She pours a daydream in a cup
A spoon of sugar sweetens up
And she fights for her life
As she puts on her coat
And she fights for her life on the train
She looks at the rain
As it pours
And she fights for her life
As she goes in a storewith a thought she has caught
By a threadshe pays for the breadand she goes…
Nobody knows

[Her morning elegance]

quinta-feira, maio 28, 2009

Engraçado como as pessoas gostam de dar palpite na vida alheia, não? É fácil falar o que eu deveria fazer, mas pagar as minhas contas ninguém quer, não é? Se eu desisti de uma viagem porque tenho outras prioridades, creio que o problema seja único e exclusivamente meu. Se eu já comecei a pagar essa viagem e vou ter que continuar pagando mesmo não indo, o problema continua sendo meu, certo? Eu estou pedindo para alguém pagar? Não. Eu estou me negando a pagar o restante da viagem? Não. Então, por favor, vá julgar a senhora sua mãe que o pariu! O dinheiro [ou a falta dele] é meu e eu faço dele o que eu quiser, combinado? Clichê, mas não há outra frase melhor para resumir tudo: no dia em que você pagar minhas contas, eu permito que você me diga o que fazer.
Prontofalei.

quarta-feira, maio 27, 2009

Foi como se eu tivesse voltado, pelo menos, doze anos atrás. Há doze anos, era eu quem estava toda ansiosa às 7h da manhã para ir viajar com a escola. As famosas "excursões escolares". Logo de início, o monitor, aos poucos, tenta pegar a confiança dos alunos, na esperança de conseguir controlá-los nas horas de maior bagunça. Sim, porque a bagunça sempre vai existir, cabe aos professores mantê-la aceitável. Há doze anos, não existia celular e tampouco era possível ouvir músicas por meio desse aparelho. Atualmente, a viagem toda é regada com os últimos hits e só se ouve: "Aaai, eu não acredito que você tem essa música! Peraí que vou ligar meu bluetooth para você me passar!". E a poluição sonora aumenta, e os tons de voz também. Foi-se o tempo em que as "crianças" iam cantando a viagem toda [essa é uma parte da qual eu não tenho muita saudade, mesmo].
Bagunça de lá, bagunça de cá, "pessoal, não quero ninguém em pé no corredor!", "galera, por favor, não coloquem os braços para fora do ônibus!", "Joãozinho, acabei de falar que não quero ninguém no corredor!", "meninos, não mexam com ninguém na rua, vocês não sabem com quem estão lidando!", "atenção, todo mundo, por que todo esse alvoroço com um travesti? até parece que vocês nunca viram um! RESPEITO, pessoal, RESPEITO!", "gente, é só uma banca de jornal cheia de revistas para adultos, sem escândalo, por favor!". Finalmente, quando chegam ao destino, estão todos mais ansiosos ainda. Descem se atropelando pelas escadas, sempre escoltados pelos professores e monitores.
Teatro. "Desliguem seus celulares! Não, não pode deixar no vibra. Desligado é desligado, Mariazinha!". Alguns shiiius daqui e psssiiiu dali, a peça termina.
Na saída, à espera do ônibus, quase na hora do almoço. "Tia, cadê o busão?", "Tia, a gente vai almoçar onde?", "Tia, pode comer Mc? E Subway?", "Ai, olha o All Star daquela menina, é de zebra! Eu quero comprar um. Tia, adorei seu All Star verde!!". Ah, nada melhor do que um shopping enorme para levar os anjinhos. "Tia, posso ir pegar o catálogo da Kipling?". Ok, todos alimentados, números checados, vamos ao museu.
No museu. "Pessoal, só fotos sem flash, ok?", "Não pode correr, não pode mascar chicletes, não pode se dispersar da turma, combinado?". Meninas tirando fotos no espelho, meninos ensandecidos com a história do futebol e, finalmente, duas horas depois acaba o passeio. Na saída, as meninas começam a gritar e agarrar um pobre coitado meio japonês, de cabelo loiro e barbicha. "MeuDeusdocéu, quem é esse ser?", alguém responde: "Acho que é o baterista do CPM, NX Zero ou alguma coisa assim.". "Ah, tá, prazer, moço.".
De volta ao ônibus, a mesma saga da ida se reinicia. Músicas de celular, gritaria, pessoas no corredor... Mas, ufa, algumas coisas não mudam nunca: a famosa cantoria "Buzina, buzina, buzina, buzina!" ao chegar no colégio não poderia faltar! E o motorista, claro, aperta a buzina o quanto pode.
Ao descer do ônibus, os monitores e professores assistem a cada um dos alunos ao pisar na calçada. "Tchau, tia, foi muito legal!".
E a tia vai embora, cansada, mas feliz por poder ver os dois lados de um excursão escolar. Há doze anos, era ela quem descia do ônibus e dizia as mesmas palavras enquanto seus pais a esperavam do outro lado da rua.

terça-feira, maio 26, 2009

Como é que alguém pode querer encontrar outra pessoa com essa aparência? Olha essas olheiras... Cadê o corretivo? Corretivo? Desde quando eu tento amenizar olheiras com maquiagem? Aliás, desde quando eu tenho olheiras? E esse cabelo? Talvez tivesse sido melhor cortá-lo... Não, ele costumava gostar do meu cabelo assim, comprido, natural. Deixa o cabelo assim, pense na roupa... Jeans, quem sabe? Vestido? Saia? Qualquer coisa, desde que não seja preto. Ele gosta de cores, eu lembro bem. Nada de salto. Eu já deixei de usar há tempos, e mesmo que eu possa usar ao lado dele, eu não me sentiria confortável. Nunca foi tão difícil me arrumar para encontrá-lo. O tempo passou e aquela juventude ingênua ficou lá atrás, nos bancos das praças. Será que devo ir? Tanta coisa mudou... Eu sei que não vai ser como sempre foi e esse é meu medo. Não quero que a última lembrança seja um reencontro desastroso. Bem, a boa notícia é que tudo que poderíamos ter feito para isso não dar certo já foi feito. Assim, fica mais fácil lidar com a situação. Somos apenas eu e ele.

segunda-feira, maio 25, 2009

Ela nunca acreditou em homem ideal, mas tinha suas preferências. Ela sempre gostou de homem com sorriso bonito, bem bonito. Além dos dentes bonitos, o sorriso tinha que ser daqueles sinceros. Mas não bastava o sorriso bonito, tinha que fazê-la rir, ele tinha que ser engraçado. Gostava de homem que soubesse manter uma conversa inteligente e que gostasse de dançar ou, pelo menos, tentasse. O que ela queria mesmo era um homem que gostasse de beber alguma cerveja em um bar que não fosse popular e tivesse um bom papo. Um homem que soubesse cozinhar, já que ela não era especialista nessa área, e que tivesse um gosto musical semelhante ao dela. Ela só queria um homem com os braços longos, assim ela poderia sentir-se, de fato, abraçada. Ela tem mania de abraços. Gosta de abraçar e, principalmente, ser abraçada. Ela quer abraçar o mundo, ajudar todo o mundo, resolver tudo do mundo. Ela quer colorir o mundo, colocar sorrisos bonitos em todas as pessoas.

domingo, maio 24, 2009

Você, sempre cheio de personalidade; eu, na época, tentando encontrar alguma. Você nunca deu importância para datas comemorativas e hoje eu sigo sua mesma linha de pensamento. Lembro bem o dia que fui desejar "feliz natal" e você respondeu: "ah, eu não ligo para essas coisas, mas feliz natal para você também". E isso vale para todas as outras datas e até mesmo aniversário. Eu conheci seu armário de roupas todo e você não chegou nem perto da metade das coisas que eu tenho. Era você quem me chamava de responsável, sem levar em consideração que para encontrar você eu tinha que agir de uma maneira bem irresponsável, na época. Foi você quem me encorajou a atravessar a cidade, sem confiança no volante, só para te ver. Foi por você que eu mudei muita coisa na minha vida, embora não tenha sido para você. Você sempre foi o modelo de vida que eu não poderia seguir mas que, meu Deus, como eu gostaria. E o tempo passou e você também mudou. Sua vida anda bem mais 'responsável' e eu quase não te reconheço. E eu me contorço de saudade de 'nós', daquela maneira. E eu adoraria poder encontrá-lo hoje. Hoje, nós poderíamos conviver juntos entre as responsabilidades e irresponsabilidades. No entanto, hoje, estamos mais distantes do que sempre estivemos.

sexta-feira, maio 22, 2009

=/ diz:
oi
:) diz:
oi, tudo bem?
=/ diz:
não tão bem quanto você, mas tudo bem...
:) pensa:
ah, vai pro inferno! agora quer falar por mim?
:) parece estar offline.

**

=/ diz:
e aí, tudo bem?
:) diz:
oiê! tudo bem, e por aí?
=/ diz:
tudo bem também... novidades?
:) pensa:
novidades? huuum... a crise acabou e todo mundo vai passar as férias nos EUA. aaaah, tenha dó. perguntinha besta.
:) parece estar offline.

**
=/ diz:
oi, tudo bem?
:) diz:
olá, tudo bem, e você?
=/ diz:
bão tamém... e aí, o que você está fazendo?
:) pensa:
hã? como assim? tô amassando pão e comprando uma televisão nas lojas Americanas.
:) parece estar offline.

**
=/ diz:
oiê
:) diz:
oi, tudo bem?
=/ diz:
tirando o trabalho, minha família, Fulano de Tal que nem liga pra mim e meu cabelo, tudo bem, e aí?
:) pensa:
se mata.
:) parece estar offline.

**
=/ diz:
oi gata
:) diz:
oi, tudo bem?
=/ diz:
belezera e ae qdo vamu se encontra?
:) pensa:
no dia que você voltar às aulas de Português.
:) parece estar offline.

E depois de tanto pensar, ela concluiu que o melhor mesmo é não pensar. O bom mesmo é viver aquilo que tem que ser vivido naquele momento e só. É mais interessante pensar só no que está acontecendo a pensar no que aconteceu ou, pior, ainda vai acontecer. Ela cansou de tanta balela e agora quer mesmo é ser a contadora de tantas mentiras. Mentir é feio. Pouco importa. Em toda sua vida, ela sempre ouviu mentiras e acabou ficando especialista nessa modalidade. Ela mente até para si mesma, assim fica mais real. Suas mentiras não fazem mal a ninguém. Isso, claro, se ninguém descobrir. Ela mente para se proteger, talvez ela omita muito mais. E ela vai vivendo assim, feliz, sem pensar no quanto já se magoou. Ela vive a sorrir e a aproveitar todos os bons momentos a ela proporcionados. Ela não gosta de falar da sua vida pessoal, detesta perguntas íntimas, até mesmo dos íntimos, e costuma se esquivar... e mentir, claro. Ela mente muito bem, acredite. Só não queira saber se isso é mentira ou não. Ela me contou e pediu para eu contar ao mundo.

terça-feira, maio 19, 2009

Aconteça o que acontecer, sempre vamos pertencer um ao outro. Não importa o que aconteça, nossa história (que nunca teve um fim, de fato) sempre vai estar alí, pronta para ebulir. Talvez a vida não queira que fiquemos juntos. Não agora, não por enquanto. Talvez nunca fiquemos juntos de verdade. Talvez sim. O que importa é que sempre vamos estar na lembrança um do outro. O que me conforta é que sempre estivemos juntos, ainda que distantes. Sempre pensamos um no outro, mesmo quando há outra pessoa. E eu penso em você muito mais agora, tão perto de mim, mas muito mais longe do que eu gostaria. E eu te amo, sim, também, sempre.


Se você fizer uma radiografia da sua vida
Verá com certeza, quem sabe com um certo espanto
Que eu apareço do tornozelo ao pescoço
Eu apareço, estou gravado, cravado
Eu apareço na sua espinha dorsal
Não tente me entender e não me meça
Não me aceite de volta por mais que eu peça
O que interessa é que eu estou escrito no teu corpo
E mesmo quando eu já estiver morto
'Cê' vai me ver no espelho do seu olho
O que interessa é que eu estou escrito no seu corpo
E mesmo quando eu já estiver morto
'Cê' vai me ver no espelho do seu olho

segunda-feira, maio 18, 2009

(...) Nunca me disseram o que devo fazer
Quando a saudade acorda
A beleza que faz sofrer
Nunca me disseram como devo proceder

Chorar, beijar, te abraçar, é isso que quero fazer
É isso que quero dizer...

sábado, maio 16, 2009

E quanto a você? Eu vou por aí, sem rumo e nem beira. Mas me diga o porquê. Porque eu cansei, porque eu quero viver. E o que é que você fazia antes, senão viver? Eu sobrevivia e fingia que não sabia. E eu que pensava te dar um vida feliz. Feliz para você e o mundo que você vivia. Meu mundo? Seu mundo, o mundo que você nunca me deixou entrar, ainda que eu estivesse sempre batendo à porta. Eu te deixaria entrar, mas, não sei, achava que era você quem não queria. Mentira, mentira descarada. Você nunca me convidou para entrar. Mas eu não quero que você vá embora. Mas eu vou, eu preciso ir, preciso saber o que é a vida além da que eu vivi com você. Você costumava dizer que eu era sua vida... Tola, estúpida! Era isso que eu era! Vida não tem nome e nem toda essa altura. Mas você não iria gostar desse mundo, eu tampouco gosto dele. Então porque você vive nele? Porque eu tenho refúgios, caso contrário não iria sobreviver. Refúgios? Você. Eu? Enquanto você chama essa palhaçada que vivo de vida, eu chamo você de MINHA.

sexta-feira, maio 15, 2009

Você mal chega e eu já quero que você vá embora. Desculpa tamanha sinceridade, mas é isso mesmo que eu sinto logo depois que nos encontramos. Eu até tenho vontade de encontrá-lo quando estamos distantes, mas quando você chega perde a graça. Não deve ser culpa sua, deve ser comigo o problema. Essa contradição ambulante. Você me trata com tanto amor que chega a incomodar. Por onde eu ando você está atrás, sempre procurando manter sua mão em contato com meu corpo, seja na cintura, nos ombros ou nas costas. Você é encantador, mas também é cansativo. Eu me habituei a estar com pessoas de pouca disponibilidade. Disponibilidade sentimental, entende? Eu devo me sentir assim porque com você eu tenho uma das raras certezas: não vai dar certo. E é porque eu não quero, admito. Sim, eu pareço cruel e insensível, mas eu precisava dizer. E eu não quero tirá-lo da minha vida, eu gosto de saber que, de certa forma, você está nela; mas eu gosto mais de você quando não estamos juntos. Espera, você vai embora? E para onde você iria? Você não tem aonde ir agora. Fica, dorme, pelo menos. Ah, já te convenci? Pensei que seria mais difícil, mas eu esqueci que era você. Não, não fica chateado. Juro, não vale a pena. O problema é que eu gosto do estrago e você é disponível demais.

quinta-feira, maio 14, 2009

Ele disse que costuma ler o que eu escrevo. Disse que sente minha falta e que muitas vezes pensa em mim. Ele tem um sorriso lindo. Um olhar envolvente e um dos melhores abraços. Ele diz que várias vezes pensou em me ligar. Ele nunca liga. Ele quer saber de mim, mas eu quase não pergunto sobre ele. Acho que eu não tenho coragem. Eu penso nele muito mais do que eu gostaria, mas eu nunca revelo isso a ele. Eu envio alguma mensagem quando não consigo controlar minhas mãos, mas ele nunca responde. E ninguém toca no assunto depois. Ele não me parece feliz, mas também não diz que está triste. Ele parece conformado com o destino que a vida o encaminhou, mas eu não vejo entusiasmo. Eu tampouco mostro entusiasmo. Eu ofereço ajuda em sua nova vida, caso ele precise. Ele diz que seria estranho. Eu digo que sou inofensiva e ele rebate dizendo que esse é o problema. Sempre existiu aquele vácuo entre nós. Aquele poderia ter sido que nunca vai ser. Eu quero encontrá-lo, mas preciso que ele esteja sozinho. Eu vou encontrá-lo, mas ele não está sozinho. E nós só nos cumprimentaremos, como qualquer conhecido que você encontrou em uma mesa de bar abarratoda de pessoas. E eu vou me afastar, discretamente, com o coração disparado, os olhos embargados e um sorriso enorme no rosto. Eu não olho para trás, eu sei que ele vai me acompanhar com os olhos. E eu não quero troca de olhares. Eu só precisava vê-lo.

segunda-feira, maio 11, 2009

Eu vou entrar na sua casa, no seu quarto e vou tirar todos os quadros, as fotos, os livros, os CDs, os DVDs e os papéis que você guarda. Vou mudar a cama de lugar ou, quem sabe, até tirá-la do quarto, vou jogá-la pela janela. Vou tirar o seu computador, desconectar todos os cabos. Vou quebrar a televisão e o rádio. O armário também não vai existir mais no seu quarto. Seus perfumes, roupas e sapatos eu vou doar. A janela eu vou fechar, o papel de parede eu vou rasgar.
Depois de tudo, eu vou te convidar para entrar no seu quarto.
E, finalmente, eu vou saber que ele está completo.

sexta-feira, maio 08, 2009

Tome uma atitude, sua besta!
Seja uma besta com atitude.
Pode ser uma atitude besta,
Mas que seja uma atitude.

[ZB]

terça-feira, maio 05, 2009

Eu estou farta das suas aparições repentinas... Quando eu menos espero você surge para transformar minha vida em um caos. Às vezes, até percebo algum indício de sua chegada, mas tento ignorar... E e aí que você resolve aparecer com toda força e disposição. Chega sem me dar tempo para pensar e me derruba, me deixa na cama, jogada, e sem vontade de fazer absolutamente nada, além de curtir a sua companhia. Eu detesto a maneira que você me deixa... Sensível. Eu faço de tudo para te mandar embora, até peço ajuda a estranhos, mas você é insistente. Sabia que você atrapalha minha vida? Atrasa tudo, não me deixa fazer nada. Se eu tenho uma programação para cumprir, você consegue mudar tudo, só porque quer a minha companhia única e exclusivamente para você. Eu sei que estou predestinada a você, mas eu ainda vou encontrar uma maneira de mudar isso.
Dor de cabeça, Enxaqueca ou Sinusite, eu te odeio.

segunda-feira, maio 04, 2009

"Eles por Eles"
(inspiração: Elas por Elas, de Zeca Baleiro)


Com Danilo vivia só pesando grilos / Fábio foi só um quebra galho / Por Felipe eu quase virei hippie / Otavio era mesmo um otário / Com Marcelo foi tudo muito belo / Samuel era doce como mel / Frederico não era assim tão rico / Com Paulo me mudei para São Paulo / Por Osmar eu me joguei ao mar / Foi Giovanni quem me levou para Miami / Com Sergio nada dava certo / E Leonardo só criava caso / Caio nos deixou feito um raio / Com Rodrigo eu já nem brigo / Já Gustavo nunca ficou bravo / E André não saía do meu pé / Thiago foi um estrago / Eduardo era um coitado / E com Julio tudo acabou em julho / Alexandre não era muito grande / Mário caiu no conto do vigário / Fernando passa a vida trabalhando / Pedro já me deixou com muito medo / Joaquim só gostava de ler pasquim / Com Luiz eu juro que tentei ser feliz / Daniel me dobrou feito papel / Com Leandro tudo era um encanto / Já Eugênio foi muito ingênuo / Com Marco eu fui passear de barco / Cassiano foi caso de um ano / Com João era só confusão / E o Bruno que era um gatuno?
[M. e M. em parceria]

sexta-feira, maio 01, 2009

Ela, como de costume, está sem saber qual caminho seguir. No momento, ela teria três portas para abrir. Na verdade, na bem da verdade, ela sabe muito bem que as três portas a levam para o mesmo destino: fracasso. Duas das portas ela já abriu e fechou inúmeras vezes. Na prática ou na teoria. Ela já entrou, caminhou, caiu em diversos buracos, levantou, bateu a cabeça, caiu de novo e resolveu sair, mas nunca trancou as portas, sempre as deixou ali, fechadas, mas disponíveis. Em suma, duas das portas têm uma daquelas faixas amarelas e pretas que todo filme policial tem em alguma cena de crime. A outra porta está entreaberta e ela já espiou algumas vezes entre o vão. E ela não consegue ver nada muito claro, mesmo usando seus óculos. Ela sabe que teria que entrar para saber o que tem por trás daquela porta tão nova, tão simpática e tão... misteriosa. Ela se sente acuada e, de certa forma, responsável por tudo que possa vir a dar errado.
Depois de olhar para as três portas, com mais carinho para a que está ligeiramente aberta, ela decide sair pela janela. Por incrível que pareça, esse é o caminho mais seguro no momento.