quarta-feira, novembro 17, 2010

Geronto o quê?

Há previsões de que, em 2025, o Brasil seja o 6º país com o maior número de idosos e, em 2050, estima-se que o mundo terá 2 bilhões de idosos e dois terços deles estarão em países em desenvolvimento. Com base nesses dados, o envelhecimento humano, um fenômeno mundial e irreversível, passou a ser estudado de uma maneira bastante específica por meio do curso de Gerontologia, oferecido pela USP (Universidade de São Paulo), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e FAI-SP (Faculdades Adamantinenses Integradas). A primeira turma da USP se formou em 2008.

Apoiada pela ideia de que o "país está envelhecendo", Mayne Patricio Malagutti, 22 anos, viu na Gerontologia a união de todos os assuntos que lhe interessavam: envelhecimento humano, biologia, psicologia e questões sociais. Na época do vestibular, em 2005, Mayne estava em dúvida sobre qual profissão escolher. “Sempre gostei de biologia, estudos sobre relações humanas e aspectos psicológicos, mas não tinha certeza de qual área seguir”. Ao ler o manual da Fuvest (USP), ela se deparou com o curso de Graduação em Gerontologia e resolveu arriscar.

Mayne diz que quase todos os textos que abordam a temática do envelhecimento começam trazendo a mudança demográfica que está ocorrendo no Brasil, acarretando num número maior de idosos. Os mesmos textos deixam claro que a preocupação com o envelhecimento populacional deveria ganhar maior destaque, havendo maior número de profissionais e estudiosos na área. Isso a levou a acreditar que o gerontólogo seria bem aceito no mercado, tanto em equipamentos de saúde como em equipamentos sociais. Entretanto, isso não está ocorrendo. A falta de divulgação do curso faz com que esse profissional não seja reconhecido. “A inserção do gerontólogo não está sendo fácil, mas meus professores (psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas) sempre diziam que, quando eles começaram, o preconceito era igual. Acredito que leva um tempo mesmo para ganhar espaço”, diz a recém-graduada.

Com boas recordações da faculdade, a gerontóloga declara que, além das grandes amizades, sente falta do contato com as pessoas idosas. Ela costumava participar de oficinas na Universidade Aberta da Terceira Idade da própria faculdade e todo semestre realizava estágio em alguma instituição. “Aprendia muito com os mais velhos”, diz Mayne.

Ao falar do futuro, a ex-estudante da USP não hesita em demonstrar o orgulho pela sua escolha profissional: “acredito muito na minha profissão, principalmente por ter passado por diversos estágios e ter identificado a necessidade de um gerontólogo nos locais que passei. Não perco a esperança. Tenho certeza de que um dia o gerontólogo será reconhecido”.

O curso

O currículo é dividido em áreas temáticas, como biológicas e sociais, fundamentos para atuação na área de saúde, assistência ao idoso e administração relacionada a programas e serviços de saúde. Assim, você estuda disciplinas como psicogerontologia, psicologia, epidemiologia, bioestatística e biologia do envelhecimento. Também compõem a grade curricular o cuidado gerontológico, o idoso na família e na comunidade, a assistência ao idoso hospitalizado, a alimentação e nutrição do idoso, a assistência domiciliar e políticas e programas de saúde do idoso. No último ano, é exigida a realização de estágios.

Duração média: quatro anos.

O que você pode fazer

Apoio familiar

Atuar no aconselhamento e orientação psicológica de familiares visando a aumentar a qualidade de vida dos idosos.

Capacitação

Preparar cuidadores de idosos – ocupação reconhecida pelo Código Brasileiro de Ocupações.

Planejamento

Planejar, promover e coordenar ações para informar a população sobre os cuidados específicos com os idosos. Propor projetos para solucionar os problemas da terceira idade, levando em conta as principais doenças que a acometem e os fatores sociopolíticos e culturais.

Docência e pesquisa

Orientar projetos de pesquisa e ministrar aulas teóricas e práticas.

Salário inicial

R$ 1.300,00 (20 horas semanais); R$ 2.600,00 (40 horas semanais); Fonte: Associação Brasileira de Gerontologia.


terça-feira, novembro 16, 2010

A vida é do jeito que tem que ser

É assim que essa mineira de 51 anos se refere à vida e a todos os acasos que lhe ocorreram. Neide Aparecida Borges Coutrim, nascida em Campos Altos, município localizado na região do Alto Paranaíba, é a segunda da fila entre dez irmãos, “todos palhaços, de bem com a vida”, segundo ela.

A apreciadora de pão de queijo, fazendo jus às origens, estudou até o 4º ano primário, mas sempre que possível está lendo alguma coisa “para manter a cabeça ativa”. Com 18 anos, casou-se com Walter Xavier Coutrim, e mudou-se para Americana, no estado de São Paulo, pois seu marido saiu da lavoura de café, em Campos Altos, e foi trabalhar em uma tecelagem na “princesa tecelã”, como é conhecida Americana.

Seu primeiro emprego foi como faxineira, aos 26 anos. Trabalhou em várias casas, mas há 13 anos presta serviços para a mesma família. Atualmente, Neide é o arrimo da casa; seu marido deixou de trabalhar em 1997, pois sofreu um acidente de trabalho, que lhe rendeu uma lesão na coluna, e foi aposentado por invalidez.

Sempre de bem com a vida, a mineira extrovertida levou um susto aos 32 anos de idade: descobriu que tinha um câncer de colo de útero e foi submetida a uma cirurgia. Ficou em tratamento por nove anos até ter alta, finalmente. Durante esse tempo todo, Neide disse não ter desanimado e nem tampouco reclamado da doença. “O que tenho para passar foi o que Deus deixou para mim.”

A “rainha do lar”, como se autointitula, teve seu primeiro filho aos 19 anos, Alex, e, aos 23, nasceu Rafael. Com 7 meses, o caçula teve meningite e ficou com sequelas: apresenta um atraso mental de quatro anos e pode ter crises convulsivas, caso saia do tratamento. Hoje, com 27 anos, frequenta a APAE de Americana há aproximadamente 15 anos. Nas palavras de Neide: “quando a meningite não mata, aleija”.

Seu primogênito casou-se em 2002 e já teve seu primeiro filho, Gustavo, que veio a falecer 1 ano e meio depois, com uma crise convulsiva oriunda de uma infecção não identificada. Essa é uma tristeza muito grande que ela ainda carrega, embora tente disfarçar, e seu sorriso dá lugar ao semblante sério ao falar do assunto. Neide disse que, na época, chegou a questionar a razão de uma perda tão grande. Falou, ainda, que de todas as peças que a vida lhe pregou, essa foi a mais cruel. Hoje, afirma que entendeu que ela precisaria passar por isso, que seu “anjo” cumpriu sua missão na terra. Espírita, Neide acredita que seu neto está sempre ao seu lado, dando força para suportar a saudade. Além disso, ela sempre se sente segura ao receber um abraço apertado do filho mais novo. “Quando o Gu morreu, foi o Rafa, com sua maneira de ser, que me fez ter forças. Ele me abraçava tão forte, parecia querer tirar de dentro de mim aquela angústia.”

Em 2006, a alegria voltou a fazer parte da família Coutrim. Nasceu Lucas, o segundo filho de Alex e, em 2007, Geovana veio para encher a casa de mais felicidade. Neide tem completa adoração pelos netos e sempre leva uma foto deles em sua carteira.

A mulher miúda, de cabelos pretos naturais, abre um sorriso ao falar de seu gosto pela música, “adoro o Michael Jackson”, e pela dança, “se eu pudesse, saía dançando por aí o tempo todo”. Quando está trabalhando, procura deixar um rádio por perto e sempre encontra tempo para assistir a programas ou filmes do Didi Mocó, “ele é um palhaço, sempre me faz rir”! Vaidosa, mantém as unhas dos pés esmaltadas e corta os cabelos regularmente.

Em um tom divertido, Neide resume sua vida em uma única palavra: “corrida”. “O que tenho para passar foi o que Deus deixou para mim, mas ele sempre me dá força para seguir em frente. Eu vejo a vida do jeito que tem que ser. Tudo o que eu passei, tudo o que acontece, tem um significado. Tem dia que eu acho que vou desmoronar, mas eu sempre levanto, pois eu tenho que cuidar do Rafa. Se não fosse ele, eu não teria suportado a perda do meu neto. Não sei o que seria de mim sem o abraço apertado que ele me dá todos os dias quando chego do trabalho.”

quinta-feira, outubro 14, 2010

Foi você quem me mandou embora ou, pelo menos, quem decidiu que não continuaríamos aquela história. Também foi você quem quis ter notícias minhas, com a certeza de que eu jamais voltaria. Como eu poderia não voltar? Você estava certo de que ficaria com essa saudade e arrependimento (?) contidos no seu peito, mas que, em algum momento, isso iria passar. Você confessou ter uma mania um tanto estranha de lembrar com muito mais carinho de quem foi magoado por ti, e não o contrário. Será que é isso que chamamos de... culpa? Culpas, arrependimentos, olhares e canções de lado, a questão é que, de alguma forma, o sentimento que nós jurávamos ter ficado anos e anos atrás (eu até arriscaria dizer que, em você, ele nunca existiu de verdade) agora grita dentro dos nossos peitos de uma forma nada discreta.  Os mesmo olhares, os mesmos cheiros, os mesmo gestos. Aquele mesmo suspiro e a mesmíssima saudade. Maior? E eu digo que trocaram o quadro, mas a moldura continua a mesma. E você me diz que aquela tatuagem sempre vai ser minha (“antes de você, ela nunca tinha tido um significado tão perfeito”). Cuida bem da minha tatuagem e, embora você nunca tenha perguntado, SIM, era você quem eu escolheria.
Para quem está em Americana ou região:

12ª Campanha VIVA CAIO de Doação de Sangue e 8ª Campanha VIVA CAIO de Doação de Medula Óssea - http://www.vivacaio.org.br/

E, para quem quiser colaborar mais, ajude a repor o banco de sangue do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Melhor ainda se o seu sangue for O+!

quarta-feira, setembro 29, 2010

Eu não sei o que ainda o traz a mim. Eu não tenho ideia do que pode fazê-lo querer me encontrar depois de tudo e tanto! Eu desconheço totalmente o que o motiva a ligar e pedir para me encontrar. "Hoje, eu quero te ver hoje!". Eu já não me reconheço há tanto tempo. Não reconheço minhas atitudes, meu corpo, meu cabelo, meu sorriso... Não sei onde se escondeu aquela garota que você conheceu anos atrás. Não sei onde está a explicação para tantas coisas incertas, confusas e inexplicáveis. Você mesmo já me perguntou onde foi parar a minha coragem, a minha vontade, a minha vida. Eu não sei. Eu não sei de tantas coisas! Eu não sei onde foi que eu errei e muito menos onde acertei. Eu não sei nada de mim, de você, de nós. Eu sei que estou tentando encontrar muitas coisas perdidas. E estou começando por mim.

terça-feira, agosto 17, 2010

A bem da verdade é que anda me faltando tempo para praticamente tudo. Tempo para descansar, para dormir, para ligar para os amigos e alguns familiares, para estudar, para escrever, para assistir a algum programa bobo e, por que não, até mesmo para pensar.
O trabalho tem me consumido quase que em tempo integral, quando não estou trabalhando, estou dormindo  - por, no máximo, seis horas (mas só porque o corpo exige, eu nem faço tanta questão assim).
Isso tudo durante a semana. Porque eu ainda me dou ao luxo de ter dois dias de folga inteirinhos (normalmente, para viajar - a mente até descansa, mas o corpo não, ele sai andando, voando e chacoalhando na estrada). 
E eu tenho cada vez mais certeza de que a solução para a minha vida é um teletransporte. Enquanto ele não vem, eu fico quicando lá e cá - entre dois estados e quatro cidades. Assim como meu corpo quica, minha mente também vai pulando de texto em texto, de tese em tese, de anúncio em anúncio por aí. Cansada, mas satisfeita. Estafada até, mas convencida de que antes a correria do que o puro ócio.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Pra você, Antonio.
18 coisas invisíveis para gatos

quarta-feira, julho 28, 2010

Eu me rendi!

@dripatricio

terça-feira, julho 27, 2010

(...) A cor do sol está brilhando e anuncia um novo dia de folia!

A inocência do respeito, a alegria de estar sério, o bom humor e sentimento nós vamos levar. Deixar pra trás maus pensamentos, desequilíbrios, as amarguras. Viver em paz todo o momento, dentro de casa, no meio da rua.

Se você acha impossível ter tudo isso e um amor tranquilo, que tal tentar só um pouquinho?

Experimente ver no que dá!

quarta-feira, julho 14, 2010

Faz tempo, muito tempo, que eu não sento de acordo para escrever. Confesso que anda me faltando um pouco de disposição, mas acredito que seja mais conveniente falar que a falta de tempo é a culpada de tudo. Trabalhos de lá e de cá, estudos e viagens têm sido minhas atividades – graças a Deus. Eu poderia vir aqui e escrever todas as piadinhas infames que ouvi e recebi por e-mail sobre o goleiro Bruno (não gosto nem de lembrar que eu já o vi assim, de pertinho, no aeroporto, e, pior, que já viajei no mesmíssimo voo que ele e, meu Deus, TODO o time do Flamengo), mas eu não tenho muito estômago para isso. Então, resolvi citar a Copa do Mundo, mesmo que o Brasil não tenha tido muito êxito. Acho que, pela primeira vez, eu acompanhei uma Copa do início ao fim. Tinha até uma tabelinha para preencher os resultados e não me incomodei de, durante um mês, a programação da televisão se limitar ao futebol. Aliás, a partir do momento que você começa a namorar alguém que torce pelo mesmo time que você, o futebol parece bem menos chato que antes – até fui ver jogos no Morumbi e no Maracanã (ai, a lembrança do goleiro de novo – argh). E já que a Copa acabou, fecho este post com o vídeo de uma das músicas que mais ouvi desde o dia 11 de junho:

O brilho voltou. E não há nada que possa fazer você mais feliz agora.
Bem, na verdade, pode até ser que haja (mas isso você só vai descobrir nos próximos dias). De qualquer forma, o brilho voltou.
E apesar da chuva, do frio e da goteira bem em cima da sua cama, a paz voltou. E é isso, só isso, que importa.

segunda-feira, julho 05, 2010

O jovem casal parou diante do jardim e ali ficou, sem palavra ou gesto, apenas olhando. A noite cálida, sem vento. Uma menina loura surgiu na alameda de areia branco-azulada e veio correndo. Ficou a uma certa distância dos forasteiros, observando-os com curiosidade enquanto comia a fatia de bolo que tirou do bolso do avental.



- Vai me dar um pedaço deste bolo? – pediu a jovem estendendo a mão. – Me dá um pedaço, hem, menininha?



- Ela não entende – ele disse.



A jovem levou a mão até a boca.



- Comer, comer! Estou com fome – insistiu na mímica que se acelerou, exasperada. – Quero comer!



- Aqui é a Holanda, querida. Ninguém entende.



A menina foi se afastando de costas. E desatou a correr pelo mesmo caminho por onde viera.



(...)



- Queria um chocolate quente com bolo. O creme, eu enchia uma colher de creme que se espalhava na minha boca, eu abria a boca...



Abriu a boca. Fechou os olhos.



Ele sorriu.



- Estou ouvindo uma música, a gente podia dançar. Se a gente se amasse a gente saía dançando.



Ela levantou as mãos e passou as pontas dos dedos nos cabelos. Na boca.



- E agora? O que acontece quando não se tem mais nada com o amor?



Quase ele levou de novo a mão no bolso para pegar o cigarro, onde fumara o último?



- Quando acaba o amor, sopra o vento e a gente vira outra coisa – respondeu ele.



- Que coisa?



- Sei lá. Não quero é voltar a ser gente, eu teria que conviver com as pessoas e as pessoas... – ele murmurou. – Queria ser um passarinho, vi um dia um passarinho bem de perto e achei que devia ser simples a vida de um passarinho de penas azuis, os olhinhos lustrosos. Acho que eu queria ser aquele passarinho.



- Nunca me teria como companheira, nunca. Gosto de mel, acho que quero ser uma borboleta. É fácil a vida de borboleta?



- É curta.



O vento soprou tão forte que a menina loura teve que parar porque o avental lhe tapou a cara. Segurou o avental, arrumou a fatia de bolo dentro do guardanapo e olhou em redor. Aproximou-se do banco vazio. Procurou os forasteiros por entre as árvores, voltou até o banco e alongou o olhar meio desapontado pela alameda também deserta. Ficou esfregando as solas dos sapatos na areia fina. Guardou o bolo no bolso e agachou-se para ver melhor o passarinho de penas azuis bicando com disciplinada voracidade a borboleta que procurava se esconder debaixo do banco de pedra.

(LFT)



sexta-feira, julho 02, 2010

Resumo SENSACIONAL do que foi o jogo do Brasil nesta sexta-feira (que começou azul e terminou alaranjada, logo depois do almoço). Aqui ó.

[Roniel, meu jornalista preferido]

quarta-feira, junho 30, 2010

(...) Eu sou apenas duas: a verdadeira e a outra. Uma outra tão calculista que às vezes me aborreço até a náusea. Me deixa em paz! - peço e ela se põe a uma certa distância, me observando e sorrindo. Não nasceu comigo mas vai morrer comigo e nem na hora da morte permitirá que me descabele aos urros, Não quero morrer, não quero! Até nessa hora sei que vai me olhar de maxilares apertados e olho inimigo no auge da inimizade: Você vai morrer sim senhora e sem fazer papel miserável, está ouvindo? Lanço mão do meu último argumento, tenho ainda que escrever um livro tão maravilhoso... E as pessoas que me amam vão sofrer tanto! E ela, implacável: Ora, querida, as pessoas estão fazendo montes. E o livro não ia ser tão maravilhoso assim.

[Lygia Fagundes Telles]
Pois que os campos sejam a paisagem da única janela.

Que as flores sejam as únicas mãos.
Pois que o fim de tarde seja o único tempo para viver e o espaço sozinho ocupe mais do que qualquer imagem.
Que o peso da alma não seja mais do que um suspiro.
Pois que não anseio nem amor, nem tempo, nem futuro
a não ser
este tempo, este presente, esta janela, estas mãos numa única verdade
sempre sem fim.

[Ana Marta Fortuna]


Vale a pena postar de novo. Dentre tantas, as que mais me interessam:

A vida não é justa, mas ainda é boa.

Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.
Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.
Sele a paz com seu passado (e com o de outras pessoas também) para que ele não estrague seu presente.
Respire bem fundo. Isso acalma a mente.
Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso. (isso inclui pessoas)
O que não te mata realmente te torna mais forte.
Ninguém é responsável pela sua felicidade além de você. (pena que, na maioria das vezes, nossa infelicidade é por conta de outras pessoas)
Encare cada "suposto desastre" com essas palavras: em cinco anos, isso vai importar?
O tempo cura quase tudo. Dê tempo.
Independentemente de a situação ser boa ou ruim, ela irá mudar.
A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.


terça-feira, junho 29, 2010

Dedos cruzadíssimos!

quarta-feira, junho 23, 2010

A vida só pode ser entendida olhando-se para trás.
Mas só pode ser vivida olhando-se para frente.
(S. Kierkegaard)

quarta-feira, junho 16, 2010

Inspirada por aquele livro emprestado, resolvi ler cartas antigas. Não fui muito longe. A nostalgia me contagiou, a saudade de uma época não muito distante gritou. Nós nos líamos o tempo todo! Tempo bom que ficou em algum lugar.

terça-feira, junho 15, 2010

Um vidro de paciência em cápsulas, por favor.
E um teletransporte também, que me mande pra ponta da praia.
Obrigada.

domingo, maio 30, 2010

Naquele dia, ela dirigiu mais rápido que o habitual, com os vidros abertos, e escutou, em um volume além do suportável, o último CD que havia comprado. Corria para deixar para trás cada tristeza e cada frustração dos últimos dias. O vento entrava para secar a enxurrada de lágrimas, que parecia cair em harmonia com a música. Ouvia um som tão alto (sem cantar junto) exatamente para tentar não escutar seus pensamentos. Ela ignorava cada placa, na esperança de que ainda soubesse o caminho de casa. De repente, foi parada em um posto policial. Ela se limitou a olhar, sem nenhuma expressão, para o policial e foi liberada - "Pode prosseguir, senhora. Boa viagem." - e ela seguiu com a impressão de que havia uma expressão de compaixão no rosto do rapaz fardado. Quando notou, já estava em uma estrada familiar, a caminho de casa. Tudo parecia no lugar, menos seu coração. Ela o deixou na estrada, para que, talvez, ele também encontre o caminho de casa.

segunda-feira, maio 24, 2010




Não fique triste assim
Não vale a pena
Erros e acertos
São filhos do mesmo pai
E a mãe que fez a dúvida
Deu vida a certeza

O tempo há de mostrar
O mundo se transformar
Mais triste é quem diz
Que para um problema
Só existe a solução
Da matemática

O que me faz feliz
São coisas pequenas
Um lindo arco-íris
Riscando o fim de tarde

E eu olho pra você
E vejo toda a graça
Seus olhos brilham pretos
Seus lábios sem palavras
Seus gestos com timidez
Seus dedos bem pintados
Seu rosto sem segredos
Sorrindo leite em lágrimas

Guarde esse amor
Ele é todo seu
Lindo como a flor
Livre como um deus

[Livre como um Deus - Nando Reis]

sábado, maio 22, 2010

Já não é de hoje que eu havia decidido que pensaria inúmeras vezes antes de me entristecer ou deixar escorrer uma lágrima. Já não é de hoje que eu percebi que muitas pessoas parecem sofrer "à toa", embora, para elas, a dor daquele momento é a pior de todas (geralmente, dores de [des]amor). Só o dono da dor sabe o quanto dói. Há não muito tempo, eu cheguei à conclusão de que essas dores do coração são naturais, mas que não valem toda nossa dedicação. Tristeza de verdade é perder alguém por força maior - a morte é uma coisa muito complicada de se entender mesmo. É natural ficar triste pelo término de qualquer tipo de relacionamento, por exemplo, mas daí a parar sua vida em função disso, eu sempre achei um tanto exagerado. É mais que compreensível a tristeza ao descobrir (ou se deparar com) uma mentira, uma decepção, mas carregar mágoa e rancor por muito mais tempo só vai fazer mal a quem não consegue superar tal dor. Afinal, quem causou esse sentimento, geralmente, não parece se importar muito com a pobre criatura sofredora. E eu nem sei se isso pode ser considerado uma maldade, de fato. É a vida, talvez. Mas há dias em que, apesar de tudo estar aparentemente bem, a dona tristeza bate à porta e entra, sem que tenhamos muita escolha. Ela fica ali sentada no sofá, olhando pra nossa cara, desafiando nosso autocontrole. Muitas vezes, ela vem disfarçada - aparece em forma de angústia, insegurança, irritação, desânimo. Não importa muito a vestimenta, o fato é que ela está por perto e cabe a nós, pobres mortais, controlar a situação. Ela pode usar qualquer acontecimento como uma desculpa plausível para dar as caras: carência afetiva, falta de dinheiro, desemprego, aparência física, problemas de saúde, saudade... (ou tudojunto mesmo). Podemos nos render, deitar no colo dela e chorar até desidratar, só para que ela não perca viagem. Podemos sair de casa e deixá-la sozinha; pode ser que ela fique entediada e vá embora (ou não). A boa notícia é que uma hora ela vai embora, sim, mas, nesse caso, não precisamos ser bons anfitriões - quanto antes ela for embora, melhor.


Então, hoje, eu já coloquei a vassoura atrás da porta.


Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar...

sexta-feira, maio 21, 2010

Uma das que gosto mais...

Nunca mais aquele abraço.
                   aquele beijo.
                   aquela saudade.
                   aquele sorriso.
                   aquele cheiro.
                   aquela esperança.
                   aquele se.
                   você.
                   eu.
                   nós(?).

Para sempre, nunca mais.

quinta-feira, maio 20, 2010

Em tempos de vacas anoréxicas, resolvi parar com essa história de pagar para andar sem sair do lugar (leia-se: fazer esteira na academia) e colocar as pernocas para andar, de verdade. Pelo menos três vezes por semana, eujuroquevoutentar percorrer um trajeto de 4,5 km a pé, passando pelo bairro em que morei os meus primeiros 15 anos de vida, reparando em cada casa que virou estabelecimento comercial (inclusive a minha) e dando "bom dia" para as vovós e vovôs em suas caminhadas matinais.
Esta semana eu já fiz a minha parte.

terça-feira, maio 18, 2010

Quando as coisas acontecem assim, de uma hora pra outra, seja coisa supostamente boa ou supostamente ruim, pode ter certeza de que aí tem. O que parece ser bom talvez não seja tão bom assim. E o que é ruim tem sempre o seu lado bom, sim. Desde um namoro que está prestes a virar casamento em pouquíssimo tempo até o quase casamento que fracassou sem muita explicação - tome cuidado ou agradeça (aí tem).

quinta-feira, maio 13, 2010

Será que eu posso ser considerada uma pessoa suspeita?

[Senhora, por favor, para que possamos efetuar o embarque, é preciso retirar seu braço.]
De uns tempos pra cá (e bota tempo nisso) eu tenho lido e ouvido algumas (muitas) coisas sobre relacionamento, comportamento e outros entos do gênero. E de tudo que eu ouvi e li (pouco falei, acredite), me deparei com algumas constatações muito óbvias, mas que tem gente que parece não entender. Escolhi três, só para uma pequena demonstração.

Personalidade forte, muitas vezes, significa que o ser é pra lá de inconveniente (chato, mal-amado, infeliz).
Quem se diz muito bem-resolvido, na verdade, é abarrotado de insegurança e medo.
Quem desdenha quer comprar, sim.

terça-feira, maio 11, 2010

Minha mais nova descoberta.
Um charme.
(...) When I fall in love, I take my time
There's no need to hurry when I'm making up my mind
You can turn off the sun but I'm still gonna shine and I'll tell you why
Because
The remedy is the experience. It is a dangerous liaison
I say the comedy is that its serious. Which is a strange enough new play on words
I say the tragedy is how you're gonna spend the rest of your nights with the light on
So shine the light on all of your friends when it all amounts to nothing in the end.
I won't worry my life away.

[The remedy]

quarta-feira, maio 05, 2010

"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."
[Gabriel García Márquez - "Memória de minhas putas tristes"]

terça-feira, maio 04, 2010

Porque eu gosto muito de coisas assim.

Próximos shows:

Recife - teatro Guararapes - 04 (hoje), 05 e 06 de maio, às 21h.
São Paulo - teatro Anhembi - 08 de maio, às 18h. E 9 de maio, às 21h.
Porto Alegre - teatro Sesi - 12, 13, 14 de maio, às 21h.
Brasília - teatro Nacional - 19, 20, 21, 22, ás 21h e 23 de maio (duas sessões) às 18h e 21h
Preços: de R$ 50 a 140, com pequenas variações em cada capital


segunda-feira, maio 03, 2010

Carnaval de 2009 - sete picadas de borrachudo.
Churrasco entre amigos no feriado de 1º de maio de 2010 - catorze picadas de borrachudo.

Detalhe que a pessoa em questão tem alergia, claro. As picadas não só coçam e incham, mas doem também.

Ai.

quinta-feira, abril 29, 2010

Nos últimos tempos, uma palavra tem sido meu lema: praticidade.
A atitude mais "drástica" foi ter cortado nove dedos do meu cabelo porque não aguentava mais aquele cabelão todo me dando trabalho [e só não cortei mais porque me faltou um tiquim de coragem].
Já não me locomovo muito para entregar umas páginas rabiscadas - coloco no Correio.
Nem me preocupo em ir ao salão fazer escova e maquiagem para ir a um casamento - faço eu mesma.
Acontece que eu também passei a ser prática em algumas atitudes comportamentais. Já não tenho a mínima paciência para ficar ouvindo as mesmas lamúrias de sempre, então, quando me pedem algum conselho (ou algo assim), comecei a ser bastante radical para, quem sabe, a pessoa pegar no tranco.
Há uma porção de outras atitudes práticas que adotei, mas a principal é eliminar tudo que me atrasa.

terça-feira, abril 27, 2010

Quando é que algumas pessoas vão entender que para se divertir em uma festa não é preciso beber até perder a noção e nem ficar pulando feito uma mola pra lá e pra cá? 

quarta-feira, abril 14, 2010

“Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.

Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.


Parágrafo único:


Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor".



(Trechos de Estatuto do Homem, de Thiago de Mello)

domingo, abril 11, 2010

Em muitas das conversas tidas nos últimas dias, duas frases tiveram destaque especial:
Indisciplina de aluno é uma coisa, desrespeito é outra.
Cafajestagem é uma coisa, crueldade é outra.


Para que fique bem claro:


in.dis.ci.pli.na: substantivo feminino
falta de disciplina; desobediência, insubordinação, rebeldia


des.res.pei.to: substantivo masculino
ausência de respeito; desconsideração; afronta


ca.fa.jes.te: substantivo masculino
uso: pejorativo.
1 indivíduo de baixa condição social; pessoa a quem não se empresta importância
2 indivíduo sem refinamento no trato social, atrevido, provocador e que se veste ger. de maneira peculiar, denotando mau gosto
3 indivíduo sem nobreza de sentimentos, com má-formação de caráter, em quem não se pode confiar; canalha, velhaco
adjetivo de dois gêneros
uso: pejorativo.
4 que tem modos grosseiros, ordinários, abusados
5 desordeiro, valentão
6 infame, vil, canalha
7 que tem o chamativo mau gosto considerado típico dos cafajestes; acafajestado


cru.el: adjetivo de dois gêneros
1 a quem apraz derramar sangue, causar dor; cruento
2 Derivação: por extensão de sentido.
que gosta de fazer o mal, atormentar, maltratar; impiedoso
3 Derivação: por extensão de sentido.
duro, implacável, intransigente; insensível
4 Derivação: por extensão de sentido.
rigoroso, severo; irredutível
5 Derivação: por extensão de sentido.
horrível, hediondo
6 Derivação: por extensão de sentido.
doloroso, infeliz, pungente
7 Derivação: por extensão de sentido.
causador de sofrimento, de infelicidade, tragédia

quinta-feira, abril 08, 2010

Enquanto não vem o domínio...

http://adrianapatricio.blogspot.com/

terça-feira, abril 06, 2010

Eu vou seguir guardando todos as lembranças suas. Guardo seu primeiro sorriso, a primeira ligação e o primeiro beijo. Guardo os abraços, as declarações e as muitas incertezas. Guardo algumas despedidas, os encontros mais esperados e os mais improváveis. Guardo seu olhar, seu desespero, sua constante incerteza, o eterno mistério. Guardo seus desenhos todos, aqueles que eu mesma fiz.

sexta-feira, março 26, 2010

Verdade é que a inspiração tirou férias, sem previsão de volta, e eu já não tenho mais tanta vontade (e nem tempo) de ficar olhando para a tela do computador pensando em mais uma história de desamor (ou quase amor) para postar aqui. Porque, desculpem, mas falar de amor é muito chato. Bom mesmo é senti-lo (e disso eu não posso reclamar). Verdade também que tem tanta coisa que eu gostaria de escrever, mas isso já tornaria este blog em diário, e se nem eu tenho paciência com as minhas aflições, que dirá algum perdido que cair nesta página. No entanto, prometoquevoutentar aparecer por aqui mais vezes, juro.

P.S.: lembrem-se de mim caso alguém precise de revisões e traduções (inglês) de textos, livros, artigos, monografias e bulas de  remédio.

segunda-feira, março 22, 2010


Pra você guardei o amor


Que nunca soube dar


O amor que tive e vi sem me deixar


Sentir sem conseguir provar


Sem entregar


E repartir (...)

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Eu perdi a vontade de escrever e de falar. Agora eu só leio e escuto. E espero.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Love is patient. Love is kind. It does not want what belongs to others. It does not brag. It is not proud. It is not rude. It does not look out for its own interests. It does not easily become angry. It does not keep track of other people's wrongs. Love is not happy with evil. But it is full of joy when the truth is spoken. It always protects. It always trusts. It always hopes. It never gives up. Everyday love.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

(...) 
- Adeus - disse ele à flor.
Mas a flor não respondeu.
- Adeus - repetiu ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
- Eu fui uma tola - disse finalmente. - Peço-te perdão. Procura ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado completamente sem jeito, com a redoma nas mãos. Não conseguia compreender aquela delicadeza.
- É claro que eu te amo - disse-lhe a flor. - Foi minha culpa não perceberes isso. Mas não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Tenta ser feliz... Larga  essa redoma, não preciso mais dela.
- Mas o vento...
- Não estou tão resfriada assim... O ar fresco da noite me fará bem. Eu sou uma flor.
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem irá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrou ingenuamente seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Então vai!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...

[O Pequeno Príncipe]

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

(...)
Não chorava na companhia do tempo,
mas fazia-o em frente ao espelho quando estava
sozinha em casa,
(...)
Fazia frio, fazia calor e os dias prolongavam-se pela eternidade,
passando pelas festas tradicionais da aldeia sem sair
de casa,
uma ceia de Natal com pouco para comer,
um Carnaval onde o único disfarce é aquilo que sente,
um aniversário sem velas para apagar.

E o antigo nome dela, dito por ele, parecia tão bonito. 
[Ana Marta Fortuna]

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Faz de Conta

Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO

Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.

Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.

Debocho de festas e de roupas glamorosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.

Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto: FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.

Digo que perdoo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.

Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.

Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.

Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy: FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI.

[Martha Medeiros, claro]

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Sabe quando você acha O texto que diz absolutamente tudo que você gostaria de dizer, mas não conseguia organizar as palavras? Então, aí está.

A Alegria na Tristeza
Martha Medeiros

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Parece que estou fadada a essa tal de distância. Distância de sentimento (ou seria ausência?), distância física, distância. Às vezes bate uma agonia tão grande, um aperto doído, um medo de que uma pecinha saia do eixo e todas as outras comecem a andar de maneira desconexa. Muitas vezes, bate uma vontade de sair correndo, de encontrar pessoas queridas ou, pelo menos, de saber que elas estão lá, a alguns metros, para qualquer eventualidade. Só alguns metros.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Infelizmente (e é com muito pesar mesmo que faço tal afirmação), eu pareço pertencer ao grupo de pessoas classificadas, carinhosamente(?), como boazinhas. E não é difícil de entender o porquê de tamanha tristeza e frustração em admitir isso, afinal, é mais que sabido que bonzinho só se fode e que ser bom é ótimo, mas ser bonzinho é péssimo. Entretanto, felizmente, eu não sou um caso tão perdido. Eu tenho acesso de fúria às vezes; aprendi a dizer 'não' em algumas situações; tenho meus acessos de sinceridade, sim; fujo de algumas pessoas inoportunas; finjo não ser eu ao telefone quando me ligam de um banco a esmo para oferecer cartão e não compro aquela blusa de estampa de oncinha com lantejoula pink só para não magoar a vendedora (mas peço desculpas sinceras e saio da loja chateada por tê-la feito perder a vez no atendimento; mas se me atenderem mal, eu sou capaz até de experimentar algo - e não levar, claro - só para ela perder mais um tempinho) e, finalmente, eu até posso parecer dócil, calma, tranquila e até mesmo aérea, mas a bem da verdade é que eu, na maioria das vezes, não encaro isso como um problema. É claro que às vezes é um pouco desgastante tentar ser sutil, mas eu ainda prefiro me contornar nas palavras a ser direta e, por que não, até grossa. É fácil identificar o meu diálogo:

- Pega mais comida!
- Não, brigada.
- Pega, você não comeu nada!
- Não quero, já falei.

- Pega mais comida!
- Não, brigada, estou satisfeita!
- Pega, você não comeu nada!
- Comi, sim! Está ótima, mas estou realmente satisfeita!

[conta pra mim, custa falar umas palavrinhas a mais?]

No entanto, hoje - ultimamente, eu diria - eu tenho passado por algumas situações que me fazem ter ódio de mim mesma por não ser capaz de usar esse tamanho todo para intimidar os ogros de plantão. Eu até acho bacana quem fala o que pensa, mas isso nos leva a um certo grau de rudeza e antipatia, às vezes, e eu não sou capaz de tamanha façanha, nem com o moleque que insiste em sujar o vidro do meu carro no semáforo ao invés de limpá-lo (mas, nesse caso, é porque eu me sinto ameaçada, confesso). Sobretudo com amigos, familiares e pessoas que eu sei que vou ver de novo - ainda que não sejam tão próximas assim, eu tento ser amena, embora nem sempre consiga: ou eu fico muda, remoendo cada palavrinha, ou então despejo de uma vez tudo o que eu acho e morro de arrependimento depois. O fato é que eu tenho vontade de esganar a secretária do médico que parece estar fazendo um favor quando eu ligo para marcar consulta; tenho vontade de dar uma voadora naquela mal-educada e folgada que acha que com grosseria vai conquistar alguém; tenho vontade de dar um soco no queixo em quem é capaz de te atender mal quando você pede um pão na chapa na padaria (se fosse na peixaria, eu até ia entender, juro); tenho vontade de dar um peteleco na nuca do táxista que faz cara feia e dirige feito um imbecil porque sua corrida não vai render R$ 50; tenho pena de quem não sabe usar a entonação de voz e a escrita de uma maneira amigável e, finalmente, tenho pena de verdade por quem é tão infeliz e acaba por chatear outra pessoa que nada tem a ver com a história. E, mesmo que me chateiem às vezes, mesmo que achem que eu sou boazinha demais, na maior parte das vezes, eu acho que eu não poderia ser de outro jeito mesmo. Mas isso não me impede de fazer um comentário para quem distribui grosseria por aí: se o seu objetivo é ficar sozinho, parabéns, você está no caminho certo! As pessoas não vão pensar duas vezes para se afastarem de você! Afinal, quem age assim não merece muito do nosso tempo perdido:

- Ah, o José está sentado nessa cadeira... (quase pedindo desculpas para a criatura do pântano que puxou a cadeira de outra pessoa que estava sentada e só saiu por alguns minutos para buscar copos, deixando o prato de comida intacto à mesa, na frente da cadeira)
- Foda-se.
- Coitado, ele está com o pé machucado.
- Azar, dá a sua cadeira pra ele.
- É, isso que eu vou fazer.
- Eu sei que você faz, você é boazinha.
- ... (levanta e busca mais cadeiras - três)

É, eu sou boazinha mesmo, ainda bem!
[e antes que eu me esqueça, vá pra puta que te pariu]

* os diálogos são reais.

quinta-feira, janeiro 21, 2010


Depois de uma noite de sono, ela acordou... É meio óbvio que depois de uma noite de sono a pessoa acorde. Ao menos que eu esteja com meu humor negro ativado e continue a frase com... sem vida.

Eu não sei o motivo... Não, sem essa de querer desvendar mistérios hoje.

De repente... Sem surpresas, meu coração não aguenta.

Era uma vez... Desculpe, foi mais forte que eu.

Chovia, chove, choverá... Diante de tanta água caindo, não consigo pensar em algo muito diferente. São Pedro, economiza água!

E foram felizes para sempre. Pronto, um final feliz, já que falta-me inspiração para sequer começar um texto. Definitivamente, ainda bem que meu salário não depende de ideias criativas.

sexta-feira, janeiro 15, 2010


Estou lidando com a matéria-prima. Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero não me pega mais. Estou num estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo. Parece com momentos que tive contigo, quando te amava, além dos quais não pude ir pois fui ao fundo dos momentos. É um estado de contato com a energia circundante e estremeço. Uma espécie de doida, doida harmonia. [Clarice Lispector]

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Não tenho o hábito de escrever sobre assuntos do momento, mas hoje não pude deixar passar tal fato. Como a maioria dos brasileiros sabe, querendo ou não, deu-se início a mais um BBB. O tal do BBB 10. Eu não vou falar do programa em si porque, sinceramente, não há muito o que falar sobre algo tão sem conteúdo, ainda que, confessem, todo mundo acaba dando uma espiada vez ou outra. Não vejo nada de errado e espantoso nisso. Mas vamos ao que me traz aqui. Logo cedo, ao abrir a página de notícias, eis que aparece um título mais ou menos assim: Polêmico primeiro beijo gay já saiu no BBB. Peraí, rebobina. Beijo gay? Aquilo foi um selinho que deve ter durado uns 2 segundos, no máximo. Já teve até selinho triplo em outras edições e nunca ninguém falou nada. Aliás, e a quantidade de mulheres que já deram selinhos umas nas outras e nunca foram tratadas como "polêmicas"? O problema é que são dois homens, ainda que um deles seja drag queen. O problema é que essa sociedade é a escória, é hipócrita, é repugnante. O problema é que as pessoas têm preconceito, sim, julgam, sim. O problema é que quando eu acho que pode haver esperança, vem um imbecil e escreve um artigo desse. O problema, meus caros, é que a hipocrisia ainda impera.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Você é uma pessoa estranha. Indecifrável. Age de uma maneira que me deixa intrigada, mas interessada em te acompanhar. Eu lembro a primeira vez que nos encontramos, naquela sala onde eu nunca mais estive. Lembro que, por alguma razão, eu me interessei por você, pelo seu modo de falar, pelo sorriso espontâneo e pelo olhar que me fitava. Teria isso causado algum ciúmes nos demais que ali estavam? E eu não te encontrei mais. Não no mesmo cenário. Eu não lembro como é que voltamos a nos falar, e nem quando, mas lembro que passávamos horas ao telefone e você era meu refúgio à distância naquela cidade que me sufocava. Eu não lembro depois de quanto tempo você foi me visitar, já em outra cidade, mas eu lembro que isso implicou risco e aventura. E lembro melhor ainda que eu gostei. Bastante. Eu também não lembro quando é que você foi embora, quando voltou, mas lembro bem da última vez que você agiu como qualquer pessoa, menos como aquele amigo de antes. Lembro que você havia voltado uma vez e pedido desculpas, sem se explicar. E acabou por fazer o mesmo há não muito tempo. Eu assenti, sem entender, mas a mágoa foi inevitável. Dessa vez, aquele sentimento bacana ficou bem comprometido e acabei por deixá-lo de lado. As cores sumiram e um tom cinza foi jogado sobre a nossa tela. Então, tempos depois, você vem e me surpreende. Segura minha mão, me abraça e me faz acreditar, ainda que momentaneamente, que nada mudou, que a amizade ainda existe. E eu não entendo. Eu sei que não vai demorar muito pra você ter algum rompante e desaparecer de novo, mas me deixe reiterar que isso magoa. Eu decidi não mais procurar entendê-lo, mas não espere que eu esteja sempre aqui. Mas eu gostava da nossa amizade.
Para elas - mantras que podem deixar sua vida muito melhor

1. É melhor ser feliz do que ter razão.
2. Não tenho naaaaaada a ver com isso.
3. Prefiro que fiquem com raiva de mim do que ficar com raiva dos outros.
4. É melhor pedir antes do que reclamar depois.
5. Tem sempre um emprego pior que o nosso.
6. Nada como um dia atrás do outro - e uma noite no meio.
7. O segundo pedaço do bolo tem o mesmo gosto do primeiro.
8. Velho hoje, vintage amanhã.
9. Chocolate na TPM não engorda.
10. Homens quentes e cervejas frias são o caminho da felicidade. O oposto não funciona muito bem.
11. Você ainda não viu tudo nesta vida.
12. A gente levou milhões de anos para chegar ao topo da cadeia alimentar e agora só vai comer alface?!

[Gloss - out/09]

terça-feira, janeiro 12, 2010

Você veio e me cobriu com as melhores palavras, os gestos mais delicados, o beijo mais apaixonado. Você me faz voar, em todos os sentidos, sempre que posso, sempre que estamos juntos. Eu voaria todos os dias para emaranhar nossos braços e pernas em uma tarde quente. Você me levou, e vai continuar me levando, para passear, para conhecer o que você já viu. Você me mantém do seu lado esquerdo, desde o início. Você me deu calma, paz, alegria e esperança. Você me dá saudade, me dá vontade e me dá felicidade. Você me colocou em seus planos e entrou nos meus, ainda que eu nem os tivesse traçado ainda. Você me dá carinho, me dá juízo, paga o meu jantar e prepara o melhor almoço. Você insistiu para que eu tivesse uma gaveta em seu armário (e permitiu que eu invadisse outras). Você me deu duas canecas listradas e chama uma de 'nossa'. Você me abraça forte, me olha, me censura, me faz rir, me faz sentir. Você me deu seu prazer e levou consigo o meu. Você me decifrou de início, me deixou intrigada e maravilhada. Você é meu melhor olhar, meu segredo, meu mote, meu objetivo. Você me deu a verdade, me deu a sorte, me deu a palavra. Eu tenho a sorte de um amor tranquilo. Você é quem eu amo, é quem eu quero no ano que passou, no ano que começou há pouco e em todos os outros anos que ainda virão.
Feliz 2010.