terça-feira, dezembro 29, 2009

2009 já está quase acabando e eu aproveitei as merecidas férias em território carioca para correr aqui e deixar algumas palavras. Sem o costumeiro balanço do ano que passou, me limito a dizer apenas que 2009 está devidamente classificado como um ano bom. Sim, um ano muito bom, como todos os anos deveriam ser, e mesmo que tenha tido isso ou aquilo de não tão bom assim, como tudo na vida, 2009 está na caixinha de boas recordações. E que venha mais um ano novinho em folha e a esperança de coisas boas prevalece, ainda que possa haver algum imprevisto aqui ou ali. Então, também anseio por serenidade. 
Não sou adepta de recados de fim de ano em massa, mas meu desejo de um ótimo ano novo se estende por todos que amo. FELIZ 2010!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Vamos combinar o seguinte: você não pergunta, ele não responde e vice-versa. Não vejo motivo em querer saber de nada que tenha acontecido antes de determinada data. Acabou, passou, ficou lá atrás. Você não estava lá e nem ele estava ali. Então é melhor deixar tudo na caixinha de lembranças e se quiserem relembrar, façam isso longe um do outro. Porque tais lembranças desgastam, chateiam, constrangem. Ou seja, é totalmente desnecessário esse comportamento. Desnecessária essa exposição. Desnecessário plantar dúvidas e decepções, assim, a esmo. Desnecessário deixar cair por terra os sentimentos bons. Quanto menos falamos, menos nos comprometemos. Quanto menos sabemos, menos nos decepcionamos. Nesse caso, em especial, saber de menos não é desvantagem.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Abri o livro que você me deu há quase três anos e senti uma repulsa ao ler sua dedicatória. Antes não tivesse escrito nada, assim eu não teria que relacioná-lo com aquele livro cheio de poeira em minha estante. Era para ser um presente de aniversário, mas você o entregou atrasado e o leu antes de mim. Senti raiva, deixei guardadas suas palavras até o dia em que eu realmente sentisse vontade de lê-las. Hoje. Não foi uma vontade premeditada, mas súbita. Olhei o título tão inconveniente e puxei-o com força. Eu nunca havia me interessado por essa leitura. Em menos de um dia li o livro do início ao fim, sentindo uma espécie de curiosidade e ansiedade para terminar de ler o quanto antes para, finalmente, encerrar qualquer vínculo que houvesse entre nós. Não gostei do que li. Eu deveria saber que você nunca soube o que realmente me agradaria. Arranquei a página com a dedicatória e guardei o livro na última gaveta do armário cheio de tralhas. Como se, de alguma forma, você pudesse ouvir meus pensamentos, o telefone tocou e era você do outro lado. Usou sua voz mais tranquila, o pretexto de que havia tido um sonho, e desligou com o gosto amargo da ausência de sentimentos. Arrependimento. Pela escolha do livro, pela dedicatória, pela mágoa causada, pelo sentimento destruído, pela perda. Você nunca aprendeu como proceder quando a saudade acorda.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

O rapto da mala roxa

Para tentar fugir do padrão de malas pretas decoradas com fitinhas coloridas, você decide comprar uma mala roxa, na esperança de identificá-la mais facilmente caso precise despachá-la algum dia. Você toma todas as precauções, a começar pela identificação com nome e telefone, além de cadeado, é claro. Além disso, você memoriza exatamente a posição do zíper e, de quebra, coloca um chaveiro. Não há nenhuma fitinha colorida em mãos, senão você também a colocaria. E lá se vai sua mala, nas profundezas sem fim do aeroporto. Você viaja o tempo todo pensando na sua pobre mala abandonada, desejando que o reencontro seja rápido e sem surpresas desagradáveis. Quando, finalmente, você está à espera de sua malinha na esteira, eis que surge uma mala roxa e outra pessoa a pega. Você observa a cena cuidadosamente antes de sair correndo, mas conta com a sensatez do próximo, afinal, qualquer pessoa há de verificar as etiquetas e afins e deveria reconhecer sua mala logo de cara. Você, de longe, não vê o chaveiro e acredita que aquela mala seja, então, do ser estúpido que a pegou primeiro. Muitas malas depois, surge outra mala roxa e você, só de bater o olho, percebe que aquela não é a sua mala!!!!! Não há chaveiro e nem resquício dele, o zíper está em outro lugar e, o pior, seu nome não está na plaquinha de identificação. Desespero. Você sai correndo pelo aeroporto, tentando encontrar a infeliz que pegou sua mala, mas ela já deve estar longe há tempos, já que a SUA mala foi uma das primeiras a aparecer. Ao notar seu desespero, o funcionário da companhia aérea vem te ajudar e tenta identificar e localizar a energúmena que levou sua mala. Longos minutos depois, ele surge com a feliz notícia que conseguiu falar com ela! A criatura já está muito longe e ousa sugerir que você a encontre em algum lugar. Você, claro, se recusa e diz que vai esperá-la no aeroporto, de onde ela nunca deveria ter saído com a SUA mala. Mais longos minutos de espera depois, a pessoa lesa surge e você sai correndo ao encontro da sua pobre malinha raptada. Ao agarrar sua mala, aceita rapidamente o pedido de desculpas e vai embora correndo. O chaveiro sumiu. De qualquer forma, mesmo que o chaveiro não estivesse lá, havia vestígios: a argola. Além disso, foi colada uma etiqueta com seu nome e a lesada da mulher não se deu nem ao trabalho de conferir se era dona da mala mesmo, visto que na mala dela, de verdade, não havia nenhuma identificação. Conclusões: jamais coloque chaveiros para identificar sua mala - eles são sumariamente roubados. Amarre fitas, coloque adesivos, armadilhas, qualquer coisa, menos chaveiros bonitinhos. Sempre verifique se a mala é sua mesmo e, o mais importante, caso alguém pegue uma mala que parece ser a sua, não hesite em correr atrás para se certificar de que não é mais um abobado raptor de malas alheias.
Então, sentiu-se decepcionada. Aquele embrulho bonito, que parecia ter sido feito exclusivamente para ela, mostrou seu lado nem tão bonito. Ficou confusa com o que viu, ouviu e descobriu, assim, tão despretensiosamente. E sentiu raiva, ciúmes, mágoa, frustração. As expectativas tão boas que aquele embrulho havia causado, na verdade, tinham seu lado feio escondido. Resolveu deixar o embrulho de lado, já não sabia mais se estava disposta a, mais uma vez, descobrir a lacuna dentro daquele pacote tão supostamente bonito. Não muito tempo depois, concluiu que tudo tem um lado nem tão bonito assim - uma aba dobrada meio torta, um botão frouxo, uma linha sobrando, uma ponta rasgada. O embrulho, a princípio, estava apenas mostrando seu lado mais bonito - o laço perfeito, a fita do tamanho exato, a cor mais bonita, o tamanho ideal. O que, por acaso, é a maneira que encontramos de nos proteger. Agarrou o embrulho, amassando-o, e resolveu que não seria um fio repuxado que a faria desistir. Era só um embrulho, o conteúdo do presente importava muito mais.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Foi inevitável. A música soava em um volume alto, mas agradável. Ao ouvir àquele som, rapidamente teve seu pensamento tomado por um único foco: ele. Seria conveniente dizer que não bastava que fosse ele, mas o momento em que ele a deixou. Ela permaneceu parada, apenas ouvindo a trilha sonora de todo o sofrimento que ela havia passado alguns anos atrás. Como um trailer, as lembranças estavam reunidas em uma única música. As falas, as muitas lágrimas, a falta delas, o carro indo embora, o tapa. Ela poderia até mesmo criar um título ao malfadado caso de amor. Atônita, envolta ao som que insistia em tocar alto, ela permaneceu os quase cinco minutos em transe, tentando, de alguma maneira, se libertar. Como se apenas um botão tivesse sido apertado, a música terminou e ela pôde voltar a si. Então, ela sentiu-se livre, completamente livre. Foi acometida por um sorriso meio torto, mas espontâneo e, sobretudo, sincero. Ela, sorrateiramente, havia superado a perda, a mágoa, a dúvida. Nada mais a incomodava, ela estava feliz, de fato.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Eu não sei muito bem qual é o sentimento que se instalou aqui dentro. Acredito que tenha sido por conta dessa incerteza que fiquei tanto tempo sem escrever, sem contar as novidades, as angústias e a previsão do tempo. Eu tenho pensando em uma porção de coisas, mas, além disso, tenho passado por uma boa quantidade de acontecimentos. O tempo tem passado insuportavelmente devagar durante o dia, mas à noite eu nem o vejo passar por mim. Ainda assim, tenho encontrado mais tempo para ler, na verdade, eu diria que reencontrei a vontade. Por mais que eu tenha paixão pela leitura, também passo por fases de rebeldia. Minha casa continua meio bagunçada, mas as contas estão em dia, como tem que ser. Mas sinto dor ao ver a maior parte do meu salário destinada às contas. Já não é de hoje que ando um tanto desanimada em certo aspecto, mas estou procurando manter o exercício da paciência ativo. Isso ainda há de ser útil um dia. O coração vai muitíssimo bem, obrigada. A saudade de pessoas queridas continua, e a previsão é de que isso venha a aumentar, infelizmente. Eu continuo não me alimentando tão bem quanto deveria (e precisaria), mas tudo parece estar funcionando conforme o esperado – as dores cessaram, pelo menos aparentemente. As viagens já estão planejadas pelos próximos dois meses, e as três comemorações estão rodeadas de boas expectativas. Nada de ansiedade, só bons pensamentos, também com relação aos amigos – casamentos, filhos, vida nova! Sempre bom ter notícias assim!



Que venha 2010! [mas venho me despedir de 2009 em breve]