sexta-feira, dezembro 11, 2009

Foi inevitável. A música soava em um volume alto, mas agradável. Ao ouvir àquele som, rapidamente teve seu pensamento tomado por um único foco: ele. Seria conveniente dizer que não bastava que fosse ele, mas o momento em que ele a deixou. Ela permaneceu parada, apenas ouvindo a trilha sonora de todo o sofrimento que ela havia passado alguns anos atrás. Como um trailer, as lembranças estavam reunidas em uma única música. As falas, as muitas lágrimas, a falta delas, o carro indo embora, o tapa. Ela poderia até mesmo criar um título ao malfadado caso de amor. Atônita, envolta ao som que insistia em tocar alto, ela permaneceu os quase cinco minutos em transe, tentando, de alguma maneira, se libertar. Como se apenas um botão tivesse sido apertado, a música terminou e ela pôde voltar a si. Então, ela sentiu-se livre, completamente livre. Foi acometida por um sorriso meio torto, mas espontâneo e, sobretudo, sincero. Ela, sorrateiramente, havia superado a perda, a mágoa, a dúvida. Nada mais a incomodava, ela estava feliz, de fato.

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