segunda-feira, dezembro 14, 2009

O rapto da mala roxa

Para tentar fugir do padrão de malas pretas decoradas com fitinhas coloridas, você decide comprar uma mala roxa, na esperança de identificá-la mais facilmente caso precise despachá-la algum dia. Você toma todas as precauções, a começar pela identificação com nome e telefone, além de cadeado, é claro. Além disso, você memoriza exatamente a posição do zíper e, de quebra, coloca um chaveiro. Não há nenhuma fitinha colorida em mãos, senão você também a colocaria. E lá se vai sua mala, nas profundezas sem fim do aeroporto. Você viaja o tempo todo pensando na sua pobre mala abandonada, desejando que o reencontro seja rápido e sem surpresas desagradáveis. Quando, finalmente, você está à espera de sua malinha na esteira, eis que surge uma mala roxa e outra pessoa a pega. Você observa a cena cuidadosamente antes de sair correndo, mas conta com a sensatez do próximo, afinal, qualquer pessoa há de verificar as etiquetas e afins e deveria reconhecer sua mala logo de cara. Você, de longe, não vê o chaveiro e acredita que aquela mala seja, então, do ser estúpido que a pegou primeiro. Muitas malas depois, surge outra mala roxa e você, só de bater o olho, percebe que aquela não é a sua mala!!!!! Não há chaveiro e nem resquício dele, o zíper está em outro lugar e, o pior, seu nome não está na plaquinha de identificação. Desespero. Você sai correndo pelo aeroporto, tentando encontrar a infeliz que pegou sua mala, mas ela já deve estar longe há tempos, já que a SUA mala foi uma das primeiras a aparecer. Ao notar seu desespero, o funcionário da companhia aérea vem te ajudar e tenta identificar e localizar a energúmena que levou sua mala. Longos minutos depois, ele surge com a feliz notícia que conseguiu falar com ela! A criatura já está muito longe e ousa sugerir que você a encontre em algum lugar. Você, claro, se recusa e diz que vai esperá-la no aeroporto, de onde ela nunca deveria ter saído com a SUA mala. Mais longos minutos de espera depois, a pessoa lesa surge e você sai correndo ao encontro da sua pobre malinha raptada. Ao agarrar sua mala, aceita rapidamente o pedido de desculpas e vai embora correndo. O chaveiro sumiu. De qualquer forma, mesmo que o chaveiro não estivesse lá, havia vestígios: a argola. Além disso, foi colada uma etiqueta com seu nome e a lesada da mulher não se deu nem ao trabalho de conferir se era dona da mala mesmo, visto que na mala dela, de verdade, não havia nenhuma identificação. Conclusões: jamais coloque chaveiros para identificar sua mala - eles são sumariamente roubados. Amarre fitas, coloque adesivos, armadilhas, qualquer coisa, menos chaveiros bonitinhos. Sempre verifique se a mala é sua mesmo e, o mais importante, caso alguém pegue uma mala que parece ser a sua, não hesite em correr atrás para se certificar de que não é mais um abobado raptor de malas alheias.

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