segunda-feira, dezembro 14, 2009

Então, sentiu-se decepcionada. Aquele embrulho bonito, que parecia ter sido feito exclusivamente para ela, mostrou seu lado nem tão bonito. Ficou confusa com o que viu, ouviu e descobriu, assim, tão despretensiosamente. E sentiu raiva, ciúmes, mágoa, frustração. As expectativas tão boas que aquele embrulho havia causado, na verdade, tinham seu lado feio escondido. Resolveu deixar o embrulho de lado, já não sabia mais se estava disposta a, mais uma vez, descobrir a lacuna dentro daquele pacote tão supostamente bonito. Não muito tempo depois, concluiu que tudo tem um lado nem tão bonito assim - uma aba dobrada meio torta, um botão frouxo, uma linha sobrando, uma ponta rasgada. O embrulho, a princípio, estava apenas mostrando seu lado mais bonito - o laço perfeito, a fita do tamanho exato, a cor mais bonita, o tamanho ideal. O que, por acaso, é a maneira que encontramos de nos proteger. Agarrou o embrulho, amassando-o, e resolveu que não seria um fio repuxado que a faria desistir. Era só um embrulho, o conteúdo do presente importava muito mais.

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