terça-feira, janeiro 26, 2010

Parece que estou fadada a essa tal de distância. Distância de sentimento (ou seria ausência?), distância física, distância. Às vezes bate uma agonia tão grande, um aperto doído, um medo de que uma pecinha saia do eixo e todas as outras comecem a andar de maneira desconexa. Muitas vezes, bate uma vontade de sair correndo, de encontrar pessoas queridas ou, pelo menos, de saber que elas estão lá, a alguns metros, para qualquer eventualidade. Só alguns metros.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Infelizmente (e é com muito pesar mesmo que faço tal afirmação), eu pareço pertencer ao grupo de pessoas classificadas, carinhosamente(?), como boazinhas. E não é difícil de entender o porquê de tamanha tristeza e frustração em admitir isso, afinal, é mais que sabido que bonzinho só se fode e que ser bom é ótimo, mas ser bonzinho é péssimo. Entretanto, felizmente, eu não sou um caso tão perdido. Eu tenho acesso de fúria às vezes; aprendi a dizer 'não' em algumas situações; tenho meus acessos de sinceridade, sim; fujo de algumas pessoas inoportunas; finjo não ser eu ao telefone quando me ligam de um banco a esmo para oferecer cartão e não compro aquela blusa de estampa de oncinha com lantejoula pink só para não magoar a vendedora (mas peço desculpas sinceras e saio da loja chateada por tê-la feito perder a vez no atendimento; mas se me atenderem mal, eu sou capaz até de experimentar algo - e não levar, claro - só para ela perder mais um tempinho) e, finalmente, eu até posso parecer dócil, calma, tranquila e até mesmo aérea, mas a bem da verdade é que eu, na maioria das vezes, não encaro isso como um problema. É claro que às vezes é um pouco desgastante tentar ser sutil, mas eu ainda prefiro me contornar nas palavras a ser direta e, por que não, até grossa. É fácil identificar o meu diálogo:

- Pega mais comida!
- Não, brigada.
- Pega, você não comeu nada!
- Não quero, já falei.

- Pega mais comida!
- Não, brigada, estou satisfeita!
- Pega, você não comeu nada!
- Comi, sim! Está ótima, mas estou realmente satisfeita!

[conta pra mim, custa falar umas palavrinhas a mais?]

No entanto, hoje - ultimamente, eu diria - eu tenho passado por algumas situações que me fazem ter ódio de mim mesma por não ser capaz de usar esse tamanho todo para intimidar os ogros de plantão. Eu até acho bacana quem fala o que pensa, mas isso nos leva a um certo grau de rudeza e antipatia, às vezes, e eu não sou capaz de tamanha façanha, nem com o moleque que insiste em sujar o vidro do meu carro no semáforo ao invés de limpá-lo (mas, nesse caso, é porque eu me sinto ameaçada, confesso). Sobretudo com amigos, familiares e pessoas que eu sei que vou ver de novo - ainda que não sejam tão próximas assim, eu tento ser amena, embora nem sempre consiga: ou eu fico muda, remoendo cada palavrinha, ou então despejo de uma vez tudo o que eu acho e morro de arrependimento depois. O fato é que eu tenho vontade de esganar a secretária do médico que parece estar fazendo um favor quando eu ligo para marcar consulta; tenho vontade de dar uma voadora naquela mal-educada e folgada que acha que com grosseria vai conquistar alguém; tenho vontade de dar um soco no queixo em quem é capaz de te atender mal quando você pede um pão na chapa na padaria (se fosse na peixaria, eu até ia entender, juro); tenho vontade de dar um peteleco na nuca do táxista que faz cara feia e dirige feito um imbecil porque sua corrida não vai render R$ 50; tenho pena de quem não sabe usar a entonação de voz e a escrita de uma maneira amigável e, finalmente, tenho pena de verdade por quem é tão infeliz e acaba por chatear outra pessoa que nada tem a ver com a história. E, mesmo que me chateiem às vezes, mesmo que achem que eu sou boazinha demais, na maior parte das vezes, eu acho que eu não poderia ser de outro jeito mesmo. Mas isso não me impede de fazer um comentário para quem distribui grosseria por aí: se o seu objetivo é ficar sozinho, parabéns, você está no caminho certo! As pessoas não vão pensar duas vezes para se afastarem de você! Afinal, quem age assim não merece muito do nosso tempo perdido:

- Ah, o José está sentado nessa cadeira... (quase pedindo desculpas para a criatura do pântano que puxou a cadeira de outra pessoa que estava sentada e só saiu por alguns minutos para buscar copos, deixando o prato de comida intacto à mesa, na frente da cadeira)
- Foda-se.
- Coitado, ele está com o pé machucado.
- Azar, dá a sua cadeira pra ele.
- É, isso que eu vou fazer.
- Eu sei que você faz, você é boazinha.
- ... (levanta e busca mais cadeiras - três)

É, eu sou boazinha mesmo, ainda bem!
[e antes que eu me esqueça, vá pra puta que te pariu]

* os diálogos são reais.

quinta-feira, janeiro 21, 2010


Depois de uma noite de sono, ela acordou... É meio óbvio que depois de uma noite de sono a pessoa acorde. Ao menos que eu esteja com meu humor negro ativado e continue a frase com... sem vida.

Eu não sei o motivo... Não, sem essa de querer desvendar mistérios hoje.

De repente... Sem surpresas, meu coração não aguenta.

Era uma vez... Desculpe, foi mais forte que eu.

Chovia, chove, choverá... Diante de tanta água caindo, não consigo pensar em algo muito diferente. São Pedro, economiza água!

E foram felizes para sempre. Pronto, um final feliz, já que falta-me inspiração para sequer começar um texto. Definitivamente, ainda bem que meu salário não depende de ideias criativas.

sexta-feira, janeiro 15, 2010


Estou lidando com a matéria-prima. Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero não me pega mais. Estou num estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo. Parece com momentos que tive contigo, quando te amava, além dos quais não pude ir pois fui ao fundo dos momentos. É um estado de contato com a energia circundante e estremeço. Uma espécie de doida, doida harmonia. [Clarice Lispector]

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Não tenho o hábito de escrever sobre assuntos do momento, mas hoje não pude deixar passar tal fato. Como a maioria dos brasileiros sabe, querendo ou não, deu-se início a mais um BBB. O tal do BBB 10. Eu não vou falar do programa em si porque, sinceramente, não há muito o que falar sobre algo tão sem conteúdo, ainda que, confessem, todo mundo acaba dando uma espiada vez ou outra. Não vejo nada de errado e espantoso nisso. Mas vamos ao que me traz aqui. Logo cedo, ao abrir a página de notícias, eis que aparece um título mais ou menos assim: Polêmico primeiro beijo gay já saiu no BBB. Peraí, rebobina. Beijo gay? Aquilo foi um selinho que deve ter durado uns 2 segundos, no máximo. Já teve até selinho triplo em outras edições e nunca ninguém falou nada. Aliás, e a quantidade de mulheres que já deram selinhos umas nas outras e nunca foram tratadas como "polêmicas"? O problema é que são dois homens, ainda que um deles seja drag queen. O problema é que essa sociedade é a escória, é hipócrita, é repugnante. O problema é que as pessoas têm preconceito, sim, julgam, sim. O problema é que quando eu acho que pode haver esperança, vem um imbecil e escreve um artigo desse. O problema, meus caros, é que a hipocrisia ainda impera.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Você é uma pessoa estranha. Indecifrável. Age de uma maneira que me deixa intrigada, mas interessada em te acompanhar. Eu lembro a primeira vez que nos encontramos, naquela sala onde eu nunca mais estive. Lembro que, por alguma razão, eu me interessei por você, pelo seu modo de falar, pelo sorriso espontâneo e pelo olhar que me fitava. Teria isso causado algum ciúmes nos demais que ali estavam? E eu não te encontrei mais. Não no mesmo cenário. Eu não lembro como é que voltamos a nos falar, e nem quando, mas lembro que passávamos horas ao telefone e você era meu refúgio à distância naquela cidade que me sufocava. Eu não lembro depois de quanto tempo você foi me visitar, já em outra cidade, mas eu lembro que isso implicou risco e aventura. E lembro melhor ainda que eu gostei. Bastante. Eu também não lembro quando é que você foi embora, quando voltou, mas lembro bem da última vez que você agiu como qualquer pessoa, menos como aquele amigo de antes. Lembro que você havia voltado uma vez e pedido desculpas, sem se explicar. E acabou por fazer o mesmo há não muito tempo. Eu assenti, sem entender, mas a mágoa foi inevitável. Dessa vez, aquele sentimento bacana ficou bem comprometido e acabei por deixá-lo de lado. As cores sumiram e um tom cinza foi jogado sobre a nossa tela. Então, tempos depois, você vem e me surpreende. Segura minha mão, me abraça e me faz acreditar, ainda que momentaneamente, que nada mudou, que a amizade ainda existe. E eu não entendo. Eu sei que não vai demorar muito pra você ter algum rompante e desaparecer de novo, mas me deixe reiterar que isso magoa. Eu decidi não mais procurar entendê-lo, mas não espere que eu esteja sempre aqui. Mas eu gostava da nossa amizade.
Para elas - mantras que podem deixar sua vida muito melhor

1. É melhor ser feliz do que ter razão.
2. Não tenho naaaaaada a ver com isso.
3. Prefiro que fiquem com raiva de mim do que ficar com raiva dos outros.
4. É melhor pedir antes do que reclamar depois.
5. Tem sempre um emprego pior que o nosso.
6. Nada como um dia atrás do outro - e uma noite no meio.
7. O segundo pedaço do bolo tem o mesmo gosto do primeiro.
8. Velho hoje, vintage amanhã.
9. Chocolate na TPM não engorda.
10. Homens quentes e cervejas frias são o caminho da felicidade. O oposto não funciona muito bem.
11. Você ainda não viu tudo nesta vida.
12. A gente levou milhões de anos para chegar ao topo da cadeia alimentar e agora só vai comer alface?!

[Gloss - out/09]

terça-feira, janeiro 12, 2010

Você veio e me cobriu com as melhores palavras, os gestos mais delicados, o beijo mais apaixonado. Você me faz voar, em todos os sentidos, sempre que posso, sempre que estamos juntos. Eu voaria todos os dias para emaranhar nossos braços e pernas em uma tarde quente. Você me levou, e vai continuar me levando, para passear, para conhecer o que você já viu. Você me mantém do seu lado esquerdo, desde o início. Você me deu calma, paz, alegria e esperança. Você me dá saudade, me dá vontade e me dá felicidade. Você me colocou em seus planos e entrou nos meus, ainda que eu nem os tivesse traçado ainda. Você me dá carinho, me dá juízo, paga o meu jantar e prepara o melhor almoço. Você insistiu para que eu tivesse uma gaveta em seu armário (e permitiu que eu invadisse outras). Você me deu duas canecas listradas e chama uma de 'nossa'. Você me abraça forte, me olha, me censura, me faz rir, me faz sentir. Você me deu seu prazer e levou consigo o meu. Você me decifrou de início, me deixou intrigada e maravilhada. Você é meu melhor olhar, meu segredo, meu mote, meu objetivo. Você me deu a verdade, me deu a sorte, me deu a palavra. Eu tenho a sorte de um amor tranquilo. Você é quem eu amo, é quem eu quero no ano que passou, no ano que começou há pouco e em todos os outros anos que ainda virão.
Feliz 2010.