sábado, maio 22, 2010

Já não é de hoje que eu havia decidido que pensaria inúmeras vezes antes de me entristecer ou deixar escorrer uma lágrima. Já não é de hoje que eu percebi que muitas pessoas parecem sofrer "à toa", embora, para elas, a dor daquele momento é a pior de todas (geralmente, dores de [des]amor). Só o dono da dor sabe o quanto dói. Há não muito tempo, eu cheguei à conclusão de que essas dores do coração são naturais, mas que não valem toda nossa dedicação. Tristeza de verdade é perder alguém por força maior - a morte é uma coisa muito complicada de se entender mesmo. É natural ficar triste pelo término de qualquer tipo de relacionamento, por exemplo, mas daí a parar sua vida em função disso, eu sempre achei um tanto exagerado. É mais que compreensível a tristeza ao descobrir (ou se deparar com) uma mentira, uma decepção, mas carregar mágoa e rancor por muito mais tempo só vai fazer mal a quem não consegue superar tal dor. Afinal, quem causou esse sentimento, geralmente, não parece se importar muito com a pobre criatura sofredora. E eu nem sei se isso pode ser considerado uma maldade, de fato. É a vida, talvez. Mas há dias em que, apesar de tudo estar aparentemente bem, a dona tristeza bate à porta e entra, sem que tenhamos muita escolha. Ela fica ali sentada no sofá, olhando pra nossa cara, desafiando nosso autocontrole. Muitas vezes, ela vem disfarçada - aparece em forma de angústia, insegurança, irritação, desânimo. Não importa muito a vestimenta, o fato é que ela está por perto e cabe a nós, pobres mortais, controlar a situação. Ela pode usar qualquer acontecimento como uma desculpa plausível para dar as caras: carência afetiva, falta de dinheiro, desemprego, aparência física, problemas de saúde, saudade... (ou tudojunto mesmo). Podemos nos render, deitar no colo dela e chorar até desidratar, só para que ela não perca viagem. Podemos sair de casa e deixá-la sozinha; pode ser que ela fique entediada e vá embora (ou não). A boa notícia é que uma hora ela vai embora, sim, mas, nesse caso, não precisamos ser bons anfitriões - quanto antes ela for embora, melhor.


Então, hoje, eu já coloquei a vassoura atrás da porta.


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