terça-feira, março 24, 2009

Ela chegou em casa e viu as malas na sala. Não sabia se as desarrumava ou se as deixava do mesmo modo que estavam há alguns dias. Passou reto e foi direto para o quarto. A cama desarrumada, como sempre, os três travesseiros jogados, o edredon abarrotado e uma camiseta. A mesma camiseta que ele e ela dormiam. Ela, quando estava sozinha. Ele, quando estavam juntos. Ela sentou e ligou a televisão. Estava passando o programa que eles sempre assistiam juntos, então ela mudou de canal. Foi para a cozinha e as mesmas louças da última vez que estiveram juntos estava lá. Metade suja, metade limpa. Tomou um copo de água e ensaiou uma arrumada na cozinha. Olhou para as mãos, o esmalte vermelho intacto a desmotivou. Voltou para o quarto e se preparou para o banho. No banheiro, a toalha que ele havia usado ainda estava lá. Então ela tratou de jogá-la no cesto de roupas sujas e foi para o chuveiro. Enquanto a água caía em suas costas e rosto, ela chorava. Chorava de raiva e de desgosto. De tristeza e de alívio. Chorava porque não havia mais nada a ser feito. Então ela guardou a camiseta e colocou sua própria roupa de dormir. Resolveu assistir ao programa que ele nunca assistia, guardou um dos travesseiros e adormeceu. Ela estava triste pela situação. Fosse quem fosse, ela tinha a mania idiota de querer estar sempre bem com as pessoas.

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