segunda-feira, julho 06, 2009

Ela já tinha levado tantos tombos, que chegou a desistir de ficar em pé em alguns momentos. Às vezes, ela ficava de joelhos; outras, deitada. Caso precisasse se mexer, ia rastejando mesmo, assim não corria o risco de cair com a cara no chão de novo, e de novo.
O problema é que ela tinha essa mania besta de amar. Ou de achar que amava. Por mais desacreditada que estivesse, lá no fundo, talvez não tão fundo, ela acreditava que poderia ser uma boa escolha. Mas alguma coisa dava errado. Ou ela se entregava de mais ou de menos. Parecia que ela não sabia demonstrar interesse. Sempre era muito ou nenhum.
E quando era muito, normalmente, o que vinha do outro lado era pouco. Pouco, mas o suficiente para mantê-la, ainda assim, interessada. Grandessíssima tola. E ela tinha vontade de falar, de escrever, de contar e, claro, de ouvir. Mas ela acabava ficando quieta e não ouvindo nada. Ficava quieta porque não ouvia. Só que o seu coração era inquieto, e ela falava. E se arrependia. Porque o silêncio permanecia alí do outro lado. E ela se sentiu uma tremenda idiota. E, definitivamente, a idiota da história não tinha que ser ela.
E ela começou a ficar cansada. Ela precisava demonstrar seu sentimento, precisava espalhar o amor que ela sentia. E ela resolveu demonstrar para quem a permitisse. Melhor que ser amado é poder demonstrar o seu amor para quem permite tal atitude. Ela cansou de dedicatórias frias nos seus livros. Cansou de tantos descasos e egoísmo. E ela caiu de novo, mas protegeu o rosto. Deixou de lado o tal de "Pensando em te matar de amor ou de dor, eu te espero calada" e percebeu que quando alguém nega o seu amor, então não há razão de esperar. Ela decidiu que, se fosse para esperar por alguém, teria que valer muito a pena. E ninguém andava valendo muito essa pena.
E ela começou a ficar em pé novamente. Sem esperar, sem sonhar, sem sofrer. Foi dando um passo por vez, sem tropeçar nela mesma e nem em que estava por perto. Passou a caminhar, ouviu a música e começou a dançar. E agora ela está ouvindo a música mais bonita e, melhor, ela tem alguém para dançar com ela. E eles dançam juntos. Sem medo de errarem algum passo e, o mais importante, sem medo de levar um tombo.
Quem começa a dançar está sujeito a cair. Mas agora ela aprendeu que é só levantar.

Um comentário:

Li disse...

Eu posso afirmar que não existe nada melhor que dançar a mesma música em plena sintonia de passos. É uma verdadeira delicia... Tomara que você tenha pra sempre quem a acompanhe. Te amo muitão!
Bitocas.