terça-feira, julho 14, 2009

Todos achavam Alice um encanto. Linda, delicada e sempre agradável, costumava ser calma e até mesmo boazinha, embora tivesse seus momentos de muita fúria, mas quase ninguém presenciou tal cena. Alice gostava do amor. Gostava de compartilhar seu amor. Ela acordava de bom humor e, na maior parte do tempo, estava disposta a ajudar as pessoas, em especial quem ela considerava importante. Alice amou intensamente seu primeiro namorado, mas ela gastou tantas energias para conquistá-lo, que depois de um tempo o amor de Alice acabou. Ela fez sofrer o seu primeiro namorado, não por maldade, Alice não é má, mas as cores tinham perdido o brilho. E ela não gostava do desamor. Então Alice se apaixonou de novo. Foi uma daquelas paixões arrebatadoras, ela tinha vontade de largar tudo e seguir seu amor, mas Alice também era responsável demais. Houve um tempo que Alice cansou de procurar o amor e acabou ficando alojada em um falso amor, no qual ela se escondia até encontrar uma nova paixão. E lá veio ela, a paixão. Alice se entregou e foi roubada. Esse amor era mais falso que o outro. No anterior, pelo menos, havia amor da outra parte. Um amor confuso, mas era amor. Nessa nova paixão, Alice foi motivo de chacota. Então, ao invés de subir, Alice acabou descendo. Foi parar em mais uma paixão frustrada. Ela se apaixonou por quem adorava conquistar, mas não deixava ninguém chegar perto do seu coração. Alice, tola, acreditava que poderia conquistá-lo. Não bastante, Alice cometeu o mesmo erro duas vezes. Seguidas. Sua última paixão foi o ápice do sofrimento. Como seria capaz tamanha crueldade em alguém? Crueldade tão despretensiosa. Alice queria amar, mas cansou de amar sozinha. Ela estava em declínio e estava assustada com seu próprio rebaixamento. Ela nunca fora assim, costumava ser tão sensata. O problema é que Alice era boazinha demais, compreensiva demais e, embora, assim como uma folha de papel, amassasse as paixões, nunca tratava de rasgar, atear fogo, jogar no lixo. Essas paixões fracassadas acabavam por permear a vida de Alice, atraindo mais fracassos. Alice resolveu que estava mais do que na hora de se desfazer de um passado sem futuro e que, pior, prejudicava seu presente. Alice rasgou cada paixão. Deixou-as em pedacinhos tão pequenos a ponto de nunca mais serem colados. Ela misturou todas as paixões decadentes e jogou fora. Espalhou as paixões picotadas em diversos lixos, para que nunca mais se colassem. Assim, Alice pegou uma folha em branco novinha e começou a escrever outra história. Sua história. Alice encontrou a paz. Alice encontrou a si mesma. Alice voltou a ser dona de sua história. Entregou seu coração a quem estava disposto a cuidar dele e ganhou outro coração de presente. Coração este que ela prometeu cuidar com muito carinho.

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