terça-feira, julho 28, 2009

Eles nunca tinham sido um casal, de fato. Já se conheciam há quase quatro anos, tiveram um período de maior aproximação no início, mas Rita e Gabriel nunca fizeram parte do rol de casais apaixonados. Tiveram várias brigas na época em que as vontades de um não eram compatíveis com as do outro, mas a calmaria só se estabeleceu quando ambos aceitaram o fato de que eles não foram feitos para ser um típico casal de namorados e afins. Rita sempre dizia que o único motivo pelo qual os fazia ‘darem certo’ era o simples fato de não serem um casal convencional. Gabriel dizia que ela sempre fora seu melhor relacionamento (?). Sem tradições ou pedidos, eles se encontravam sempre que possível, raramente em público (não porque fosse proibido, mas porque, de alguma forma, acreditavam que aquele relacionamento só cabia aos dois e mais ninguém) e tinham seu momento: às vezes, intenso (o sexo sempre foi bom); outras, amigável (ela contava de seus casos e ele reclamava dos dele). Sempre se encontravam na casa dele, Gabriel nem chegou a conhecer o apartamento de Rita. Ela nunca deixou nada na casa de Gabriel. Nem sequer um brinco ela esqueceu. Rita encontrava objetos de outras mulheres pela casa, mas não queria ser uma dessas mulheres. Rita era diferente e a única vez que ela esqueceu o carregador de seu celular, Gabriel o enviou pelo correio. Aos poucos, os encontros passaram a ser cada vez mais esporádicos. Rita passou a ir menos ao encontro de Gabriel e ele nunca cumpriu a promessa de ir visitá-la. Assim, naturalmente, foram se afastando. Sem cobranças, explicações ou mágoas, Rita e Gabriel saíram um da vida do outro, sem que ninguém precisasse anunciar a saída. Gabriel, recentemente, parece ter perdido a aversão a relacionamentos sérios e começou a namorar, com todas as tradições, uma garota de seu trabalho. Rita está em lua de mel fora do país e volta na próxima semana.
Rita e Gabriel nunca mais se encontraram, mas ainda acreditam que são únicos um para o outro. Mesmo que nunca admitam tal constatação um ao outro e a si mesmo.

Nenhum comentário: