sábado, junho 06, 2009

Todas as noites era a mesma história. Ela tentava dormir abraçada, mas não conseguia ficar parada por muito tempo. Daí logo se esquivava e virava para o outro lado. Acontece que com ele, só com ele, ela queria dormir bem junto, mas não conseguia. Ele também não parava quieto e, por algum problema de logística na hora de escolher o lado da cama, acabaram por escolher o lado em que ficavam um de costas para o outro na hora de dormir, de fato. Sabe, todo mundo tem um lado preferido para dormir, não é? Quando ele bebia demais, ele dormia na mesma posição a noite toda (geralmente ocupando um bom espaço do lado dela), e então ela dormia toda espremida na parede fria ou, quando sobrava mais espaço do outro lado, quase caindo da cama. Às vezes ele dormia tão próximo a ela, que usava até o mesmo travesseiro. Ela gostava, embora ficasse um pouco incomodada. Mas, tudo bem, era ele. E ele podia. Só que um dia eles deixaram de dormir juntos. E o tempo passou e ela conheceu alguém que foi dormir com ela. Só que não era ele. Nem chegava perto dele. E esse outro alguém queria dormir junto, abraçado, sufocando-a. E ela queria se mexer e ele a apertava. Ele a puxava para perto, quando a única coisa que ela conseguia pensar era em empurrá-lo. Talvez tenha sido uma das noite mais longas da vida dela. Logo que amanheceu, ela tratou de pular da cama, arrumar suas coisas e ir embora bem rápido. Deixou um bilhete, só para ele não dizer que ela não tinha consideração.
Desculpe, eu não consigo. Preciso de ar. Você não é ele. Sinto muito.

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