terça-feira, abril 14, 2009

Naquele dia, ela acordou mais tarde que o costume. Não se preocupou em olhar para o espelho, nada que pudesse ser refletido nele a agradaria. Não precisava dar "bom dia" a ninguém, ela estava só. Não precisava avisar que não iria trabalhar, era domingo. Na cozinha, a louça continuava suja na pia e a geladeira tinha muito mais espaço que comida. Tomou um copo d'água e acendeu um cigarro. Belo café da manhã. Na televisão, nada de interessante passava. Resolveu ligar o computador para olhar suas mensagens. E tentou escrever, não saiu. E tentou fazer rima, não conseguiu. E tentou ouvir música, não funcionou. E tentou conversar, faltou assunto. E tentou chorar, só conseguiu gritar. E então ela abriu a janela e se jogou. Jogou todos os pensamentos e angústias por aquela janela. Jogou aquela árdua tarefa que lhe fora dada: ela tinha que escolher. Ela tinha tantas dúvidas que passou a enumerá-las. Ela queria perguntar, mas tinha medo da resposta. Até que ela chegou ao chão. Caída, mais uma vez, ela escolheu. Ela escolheu, enfim, se apaixonar.

Um comentário:

Ricardo Pereira disse...

Apaixonar-se soou-me aqui como algo triste. E eu achando que deveria ser divertido. O que você acha?