sexta-feira, fevereiro 20, 2009

O trânsito nosso de cada dia

É sempre a mesma história. Manobra aqui, manobra alí, aperta o botão, espera o portão abrir e vrum vrum, mais um dia de trânsito!
No primeiro semáforo, lá vem aquela senhorinha com a cesta de balas. Até hoje não se sabe bem qual é o dialeto que ela fala, mas desconfia-se que ela queira vender as balas. O sinal negativo com a cabeça é clássico e ela parece entender que não há interesse nas balinhas expostas ao sol diariamente (embora continue a resmungar algo ao seu lado até o dito do semáforo abrir). Tia, desculpa, até eu achar minhas moedas o verde já vai ter aparecido duas vezes e eu já vou ter um olho roxo desde o primeiro verde.
A partir de então, continua-se na mesma faixa de sempre até chegar ao destino. Costumo pensar trinta vezes antes de mudar de faixa desde o dia em que um motoqueiro resolveu querer ser meu passageiro. Não haveria problema algum em dar-lhe uma carona, mas antes ele deveria ter aberto a porta do meu carro e, principalmente, descido da moto dele.
Passados alguns semáforos, chega-se àquele. Aquele famigerado semáforo onde há aqueles rapazes com panos, rodinhos e o diabo a quatro para poder aterrorizar seu dia e sujar seu vidro (porque a última coisa que eles fazem é limpar). E o pior que eles já encostam aquele rodinho do inferno logo de cara, sem nem levar em consideração o seu desespero, seu apelo, sua súplica para que não cheguem perto. Eu tenho pavor deles, juro. Não, não, não, não quero. Não, não tenho dinheiro. Não, por favor, não. Eu estou te pe-din-do! Não, moço! É impressionante como nosso medo é evidente de longe. O mesmo me acontece com relação aos bichos que voam, sejam eles quais forem: a sala é enorme, mas é no meu rosto que eles insistem em pousar.
O restante da trajetória é relativamente calmo. Além das motos (coisas pequenas que ocupam espaço e, claro, estorvam a vida de todo mundo) e dos ônibus e caminhões (coisas grandes que atrapalham o trânsito), há o radar. São bem interessantes as diferentes interpretações dos motoristas para a velocidade que o radar determina. O radar é de 60 km/h. Há quem ande na casa dos 30 km/h com receio de que o radar, por alguma força cósmica ou uma incógnita da Iniciativa Dharma, venha a multiplicar a sua velocidade por 2. Assim, para garantir, é melhor andar pela metade da velocidade, né? E há quem faça exatamente o contrário. A situação: você está na faixa da esquerda, a 3 metros do radar, ao seu lado tem uma carreta e você não pode ultrapassar. O infeliz do carro de trás quase entra no seu porta-malas, faz gestos com a mão e pisca o farol em plena avenida urbana para que você acelere para 120 km/h. Afinal, pelos mesmos motivos anteriores, o radar vai dividir a sua velocidade por 2. Eu costumo pensar que 60 km/h são 60 km/h e ponto.
Enfim, dirigir é o jogo de vídeo game da vida real. Os obstáculos surgem a todo instante e só nos resta desviar para seguir em frente. A única diferença é que não há mais três vidas garantidas na parte superior da tela.

Boa sorte a todos!

Um comentário:

Anônimo disse...

minha carteira de motorista ta vencida desde setembro do ano passado. Tenho sérias dúvidas em renvovar e passar por toda a porcariada de novo, só pra enfrentar isso outra vez!