Geronto o quê?
Há previsões de que, em 2025, o Brasil seja o 6º país com o maior número de idosos e, em 2050, estima-se que o mundo terá 2 bilhões de idosos e dois terços deles estarão em países em desenvolvimento. Com base nesses dados, o envelhecimento humano, um fenômeno mundial e irreversível, passou a ser estudado de uma maneira bastante específica por meio do curso de Gerontologia, oferecido pela USP (Universidade de São Paulo), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e FAI-SP (Faculdades Adamantinenses Integradas). A primeira turma da USP se formou em 2008.
Apoiada pela ideia de que o "país está envelhecendo", Mayne Patricio Malagutti, 22 anos, viu na Gerontologia a união de todos os assuntos que lhe interessavam: envelhecimento humano, biologia, psicologia e questões sociais. Na época do vestibular, em 2005, Mayne estava em dúvida sobre qual profissão escolher. “Sempre gostei de biologia, estudos sobre relações humanas e aspectos psicológicos, mas não tinha certeza de qual área seguir”. Ao ler o manual da Fuvest (USP), ela se deparou com o curso de Graduação em Gerontologia e resolveu arriscar.
Mayne diz que quase todos os textos que abordam a temática do envelhecimento começam trazendo a mudança demográfica que está ocorrendo no Brasil, acarretando num número maior de idosos. Os mesmos textos deixam claro que a preocupação com o envelhecimento populacional deveria ganhar maior destaque, havendo maior número de profissionais e estudiosos na área. Isso a levou a acreditar que o gerontólogo seria bem aceito no mercado, tanto em equipamentos de saúde como em equipamentos sociais. Entretanto, isso não está ocorrendo. A falta de divulgação do curso faz com que esse profissional não seja reconhecido. “A inserção do gerontólogo não está sendo fácil, mas meus professores (psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas) sempre diziam que, quando eles começaram, o preconceito era igual. Acredito que leva um tempo mesmo para ganhar espaço”, diz a recém-graduada.
Com boas recordações da faculdade, a gerontóloga declara que, além das grandes amizades, sente falta do contato com as pessoas idosas. Ela costumava participar de oficinas na Universidade Aberta da Terceira Idade da própria faculdade e todo semestre realizava estágio em alguma instituição. “Aprendia muito com os mais velhos”, diz Mayne.
Ao falar do futuro, a ex-estudante da USP não hesita em demonstrar o orgulho pela sua escolha profissional: “acredito muito na minha profissão, principalmente por ter passado por diversos estágios e ter identificado a necessidade de um gerontólogo nos locais que passei. Não perco a esperança. Tenho certeza de que um dia o gerontólogo será reconhecido”.
O curso
O currículo é dividido em áreas temáticas, como biológicas e sociais, fundamentos para atuação na área de saúde, assistência ao idoso e administração relacionada a programas e serviços de saúde. Assim, você estuda disciplinas como psicogerontologia, psicologia, epidemiologia, bioestatística e biologia do envelhecimento. Também compõem a grade curricular o cuidado gerontológico, o idoso na família e na comunidade, a assistência ao idoso hospitalizado, a alimentação e nutrição do idoso, a assistência domiciliar e políticas e programas de saúde do idoso. No último ano, é exigida a realização de estágios.
Duração média: quatro anos.
O que você pode fazer
Apoio familiar
Atuar no aconselhamento e orientação psicológica de familiares visando a aumentar a qualidade de vida dos idosos.
Capacitação
Preparar cuidadores de idosos – ocupação reconhecida pelo Código Brasileiro de Ocupações.
Planejamento
Planejar, promover e coordenar ações para informar a população sobre os cuidados específicos com os idosos. Propor projetos para solucionar os problemas da terceira idade, levando em conta as principais doenças que a acometem e os fatores sociopolíticos e culturais.
Docência e pesquisa
Orientar projetos de pesquisa e ministrar aulas teóricas e práticas.
Salário inicial
R$ 1.300,00 (20 horas semanais); R$ 2.600,00 (40 horas semanais); Fonte: Associação Brasileira de Gerontologia.