- Funerária Vá Com Deus, Atazanada, bom dia.
- Bom dia, de onde fala?
- Do açougue.
- Por favor, para que número eu liguei?
- Desculpe, senhor, acabei de jogar a bola de cristal na parede.
Eu detesto anotar recados, deve ser por isso que eu não tenho o costume de deixar recado. E, mais ainda, eu abomino passar as ligações, dizendo quem é, de onde vem, para onde vai e qual o assunto. Odeio ter que voltar com uma desculpa esfarrapada só porque o infeliz que tinha que atender ao telefone não está a fim. A mentira sempre sai da boca do condenado que deu o azar de atender ao telefone. Essa história de deixar recado também requer um tanto de responsabilidade, porque se for algo importante e você esquecer de passar, a culpa também é sua. Sinceramente, isso desgasta. Mas o que mais enraivece é ficar escravo desse aparelhinho diabólico. Qualquer saidinha rápida já o faz tocar desesperadamente e ai de você se demorar ou não atender. Só eu sei cada resposta carinhosa já me veio à mente. Fazer ligações a pedido dos outros também me deixa intolerante. Assim, junte a minha vontade de cá e o bom humor de quem atendeu de lá e o resultado é uma conversa incrivelmente irascível. E quando você não consegue falar com a pessoa solcitada, automaticamente, a culpa passa a ser sua. Então, o problema passa a ser seu caso não encontre o maledeto nos próximos minutos.
Se atender ao telefone e fazer ligações fossem gratificantes, não haveria a coitada da pessoa contratada para fazer isso.
Entretanto, DEFINITIVAMENTE, eu não fui contratada para isso. Inferno.
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