(...)
queria ter escutado Setembro
antes que pudesses viver aqui, neste corpo
na frágil inocência do coração.
Nunca falamos a mesma língua
porque escrevemos amor em coisas diferentes
e nem todas as flores chegam para construir pontes.
Se eu escutar Setembro
já não vai ser amor, mas um reflexo de água
da vontade de continuar a amar-te.
Mas não sei voltar ao mar, à casa
lançar a espuma dos dias na cara.
Estou perdida
sozinha, longe
e não sei o caminho para lugar nenhum
porque quando abro os olhos todos os lugares são teus.
[Ana Marta Fortuna]
(...) garota do copo d'água
... parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
segunda-feira, abril 02, 2012
quarta-feira, janeiro 04, 2012
Palavra do ano [e da vida]:
Tolerância
[...] tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às adotadas por si mesmo
[...] tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às adotadas por si mesmo
Ou, ainda:
[...] Rubrica: toxicologia.
Capacidade de o organismo suportar doses de determinada substância sem apresentar sinais de intoxicação
[...] Rubrica: toxicologia.
Capacidade de o organismo suportar doses de determinada substância sem apresentar sinais de intoxicação
(P.S.: sinta-se livre para caracterizar “determinada substância”)
Ainda me impressiono com a tolerância zero das pessoas sobre assuntos pouco relevantes. Por exemplo: estilo musical e programas de televisão. Não adianta, lixo musical e programas sem conteúdo sempre vão existir. Afinal, se existem, é porque há quem goste. Discutir/contestar/blasfemar não mudam absolutamente nada no mundo. Acredite. As músicas(?) vão continuar tocando, os programas passando e você, se irritando. Mude de canal, de rádio, de ambiente ou, ainda, abstraia. Os fones de ouvido são uma bênção para quem frequenta ônibus, trens, metrôs, barcas...
Os famigerados assuntos: política, religião e futebol.
Política, ok. Isso sim faz diferença na nossa vida (mas, ainda assim, há discussões e discussões). O mais importante: não discuta com quem não quer discutir. Sério.
Religião, não. Cada um tem o direito de pensar e agir como quiser no que diz respeito à fé (ou à falta dela).
Futebol, não, não e não. Você tem o seu time preferido, eu tenho o meu e os jogadores têm o salário deles.
Política, ok. Isso sim faz diferença na nossa vida (mas, ainda assim, há discussões e discussões). O mais importante: não discuta com quem não quer discutir. Sério.
Religião, não. Cada um tem o direito de pensar e agir como quiser no que diz respeito à fé (ou à falta dela).
Futebol, não, não e não. Você tem o seu time preferido, eu tenho o meu e os jogadores têm o salário deles.
Agora, infelizmente, tenho que mencionar a intolerância de colegas de profissão (e interessados no assunto): erros de português.
Eles estão aí, aos montes. Tudo bem, é mania (obrigação pessoal, talvez) apontar os erros que encontramos pelas ruas. Mas daí a deixar de almoçar num lugar ou comprar algo de alguma loja porque há um erro no cardápio ou na placa... Exagero, não? Por que se aborrecer com algo que você nem foi pago para revisar?
Eles estão aí, aos montes. Tudo bem, é mania (obrigação pessoal, talvez) apontar os erros que encontramos pelas ruas. Mas daí a deixar de almoçar num lugar ou comprar algo de alguma loja porque há um erro no cardápio ou na placa... Exagero, não? Por que se aborrecer com algo que você nem foi pago para revisar?
Ainda é preciso mencionar os erros dos próprios revisores. É claro que alguns precisam ser apontados para que não voltem a ocorrer (e para o bem do revisor, já que há muitas pessoas intolerantes em editoras, rs), mas eu, pessoalmente, só me preocupo com erros de português alheios quando isso faz alguma diferença na minha vida: um revisor que contratei ou um amigo que estimo (ou os dois juntos). E nem adianta me dizer que “revisores que cometem erros sujam a imagem da profissão”.
Existe alguma profissão livre desse mal?
quarta-feira, setembro 28, 2011
segunda-feira, julho 04, 2011
segunda-feira, abril 04, 2011
Meu Deus! Já estamos em abril e eu nunca mais escrevi por aqui! Desde dezembro de 2010 minha vida segue num ritmo frenético, cheia de novidades e experiências. Não, não tenho mais tempo de escrever como antes. Nos últimos meses, tenho me resumido em apenas 140 caracteres...
Passada a fase de adaptação com a nova vida, vou me dedicar um pouco mais ao meu cantinho virtual.
E para tirar o atraso: Feliz Natal, Feliz 2011 e bom Carnaval (tudo atrasado, mas de coração).
quarta-feira, novembro 17, 2010
Geronto o quê?
Há previsões de que, em 2025, o Brasil seja o 6º país com o maior número de idosos e, em 2050, estima-se que o mundo terá 2 bilhões de idosos e dois terços deles estarão em países em desenvolvimento. Com base nesses dados, o envelhecimento humano, um fenômeno mundial e irreversível, passou a ser estudado de uma maneira bastante específica por meio do curso de Gerontologia, oferecido pela USP (Universidade de São Paulo), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e FAI-SP (Faculdades Adamantinenses Integradas). A primeira turma da USP se formou em 2008.
Apoiada pela ideia de que o "país está envelhecendo", Mayne Patricio Malagutti, 22 anos, viu na Gerontologia a união de todos os assuntos que lhe interessavam: envelhecimento humano, biologia, psicologia e questões sociais. Na época do vestibular, em 2005, Mayne estava em dúvida sobre qual profissão escolher. “Sempre gostei de biologia, estudos sobre relações humanas e aspectos psicológicos, mas não tinha certeza de qual área seguir”. Ao ler o manual da Fuvest (USP), ela se deparou com o curso de Graduação em Gerontologia e resolveu arriscar.
Mayne diz que quase todos os textos que abordam a temática do envelhecimento começam trazendo a mudança demográfica que está ocorrendo no Brasil, acarretando num número maior de idosos. Os mesmos textos deixam claro que a preocupação com o envelhecimento populacional deveria ganhar maior destaque, havendo maior número de profissionais e estudiosos na área. Isso a levou a acreditar que o gerontólogo seria bem aceito no mercado, tanto em equipamentos de saúde como em equipamentos sociais. Entretanto, isso não está ocorrendo. A falta de divulgação do curso faz com que esse profissional não seja reconhecido. “A inserção do gerontólogo não está sendo fácil, mas meus professores (psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas) sempre diziam que, quando eles começaram, o preconceito era igual. Acredito que leva um tempo mesmo para ganhar espaço”, diz a recém-graduada.
Com boas recordações da faculdade, a gerontóloga declara que, além das grandes amizades, sente falta do contato com as pessoas idosas. Ela costumava participar de oficinas na Universidade Aberta da Terceira Idade da própria faculdade e todo semestre realizava estágio em alguma instituição. “Aprendia muito com os mais velhos”, diz Mayne.
Ao falar do futuro, a ex-estudante da USP não hesita em demonstrar o orgulho pela sua escolha profissional: “acredito muito na minha profissão, principalmente por ter passado por diversos estágios e ter identificado a necessidade de um gerontólogo nos locais que passei. Não perco a esperança. Tenho certeza de que um dia o gerontólogo será reconhecido”.
O curso
O currículo é dividido em áreas temáticas, como biológicas e sociais, fundamentos para atuação na área de saúde, assistência ao idoso e administração relacionada a programas e serviços de saúde. Assim, você estuda disciplinas como psicogerontologia, psicologia, epidemiologia, bioestatística e biologia do envelhecimento. Também compõem a grade curricular o cuidado gerontológico, o idoso na família e na comunidade, a assistência ao idoso hospitalizado, a alimentação e nutrição do idoso, a assistência domiciliar e políticas e programas de saúde do idoso. No último ano, é exigida a realização de estágios.
Duração média: quatro anos.
O que você pode fazer
Apoio familiar
Atuar no aconselhamento e orientação psicológica de familiares visando a aumentar a qualidade de vida dos idosos.
Capacitação
Preparar cuidadores de idosos – ocupação reconhecida pelo Código Brasileiro de Ocupações.
Planejamento
Planejar, promover e coordenar ações para informar a população sobre os cuidados específicos com os idosos. Propor projetos para solucionar os problemas da terceira idade, levando em conta as principais doenças que a acometem e os fatores sociopolíticos e culturais.
Docência e pesquisa
Orientar projetos de pesquisa e ministrar aulas teóricas e práticas.
Salário inicial
R$ 1.300,00 (20 horas semanais); R$ 2.600,00 (40 horas semanais); Fonte: Associação Brasileira de Gerontologia.
terça-feira, novembro 16, 2010
A vida é do jeito que tem que ser
É assim que essa mineira de 51 anos se refere à vida e a todos os acasos que lhe ocorreram. Neide Aparecida Borges Coutrim, nascida em Campos Altos, município localizado na região do Alto Paranaíba, é a segunda da fila entre dez irmãos, “todos palhaços, de bem com a vida”, segundo ela.
A apreciadora de pão de queijo, fazendo jus às origens, estudou até o 4º ano primário, mas sempre que possível está lendo alguma coisa “para manter a cabeça ativa”. Com 18 anos, casou-se com Walter Xavier Coutrim, e mudou-se para Americana, no estado de São Paulo, pois seu marido saiu da lavoura de café, em Campos Altos, e foi trabalhar em uma tecelagem na “princesa tecelã”, como é conhecida Americana.
Seu primeiro emprego foi como faxineira, aos 26 anos. Trabalhou em várias casas, mas há 13 anos presta serviços para a mesma família. Atualmente, Neide é o arrimo da casa; seu marido deixou de trabalhar em 1997, pois sofreu um acidente de trabalho, que lhe rendeu uma lesão na coluna, e foi aposentado por invalidez.
Sempre de bem com a vida, a mineira extrovertida levou um susto aos 32 anos de idade: descobriu que tinha um câncer de colo de útero e foi submetida a uma cirurgia. Ficou em tratamento por nove anos até ter alta, finalmente. Durante esse tempo todo, Neide disse não ter desanimado e nem tampouco reclamado da doença. “O que tenho para passar foi o que Deus deixou para mim.”
A “rainha do lar”, como se autointitula, teve seu primeiro filho aos 19 anos, Alex, e, aos 23, nasceu Rafael. Com 7 meses, o caçula teve meningite e ficou com sequelas: apresenta um atraso mental de quatro anos e pode ter crises convulsivas, caso saia do tratamento. Hoje, com 27 anos, frequenta a APAE de Americana há aproximadamente 15 anos. Nas palavras de Neide: “quando a meningite não mata, aleija”.
Seu primogênito casou-se em 2002 e já teve seu primeiro filho, Gustavo, que veio a falecer 1 ano e meio depois, com uma crise convulsiva oriunda de uma infecção não identificada. Essa é uma tristeza muito grande que ela ainda carrega, embora tente disfarçar, e seu sorriso dá lugar ao semblante sério ao falar do assunto. Neide disse que, na época, chegou a questionar a razão de uma perda tão grande. Falou, ainda, que de todas as peças que a vida lhe pregou, essa foi a mais cruel. Hoje, afirma que entendeu que ela precisaria passar por isso, que seu “anjo” cumpriu sua missão na terra. Espírita, Neide acredita que seu neto está sempre ao seu lado, dando força para suportar a saudade. Além disso, ela sempre se sente segura ao receber um abraço apertado do filho mais novo. “Quando o Gu morreu, foi o Rafa, com sua maneira de ser, que me fez ter forças. Ele me abraçava tão forte, parecia querer tirar de dentro de mim aquela angústia.”
Em 2006, a alegria voltou a fazer parte da família Coutrim. Nasceu Lucas, o segundo filho de Alex e, em 2007, Geovana veio para encher a casa de mais felicidade. Neide tem completa adoração pelos netos e sempre leva uma foto deles em sua carteira.
A mulher miúda, de cabelos pretos naturais, abre um sorriso ao falar de seu gosto pela música, “adoro o Michael Jackson”, e pela dança, “se eu pudesse, saía dançando por aí o tempo todo”. Quando está trabalhando, procura deixar um rádio por perto e sempre encontra tempo para assistir a programas ou filmes do Didi Mocó, “ele é um palhaço, sempre me faz rir”! Vaidosa, mantém as unhas dos pés esmaltadas e corta os cabelos regularmente.
Em um tom divertido, Neide resume sua vida em uma única palavra: “corrida”. “O que tenho para passar foi o que Deus deixou para mim, mas ele sempre me dá força para seguir em frente. Eu vejo a vida do jeito que tem que ser. Tudo o que eu passei, tudo o que acontece, tem um significado. Tem dia que eu acho que vou desmoronar, mas eu sempre levanto, pois eu tenho que cuidar do Rafa. Se não fosse ele, eu não teria suportado a perda do meu neto. Não sei o que seria de mim sem o abraço apertado que ele me dá todos os dias quando chego do trabalho.”
quinta-feira, outubro 14, 2010
Foi você quem me mandou embora ou, pelo menos, quem decidiu que não continuaríamos aquela história. Também foi você quem quis ter notícias minhas, com a certeza de que eu jamais voltaria. Como eu poderia não voltar? Você estava certo de que ficaria com essa saudade e arrependimento (?) contidos no seu peito, mas que, em algum momento, isso iria passar. Você confessou ter uma mania um tanto estranha de lembrar com muito mais carinho de quem foi magoado por ti, e não o contrário. Será que é isso que chamamos de... culpa? Culpas, arrependimentos, olhares e canções de lado, a questão é que, de alguma forma, o sentimento que nós jurávamos ter ficado anos e anos atrás (eu até arriscaria dizer que, em você, ele nunca existiu de verdade) agora grita dentro dos nossos peitos de uma forma nada discreta. Os mesmo olhares, os mesmos cheiros, os mesmo gestos. Aquele mesmo suspiro e a mesmíssima saudade. Maior? E eu digo que trocaram o quadro, mas a moldura continua a mesma. E você me diz que aquela tatuagem sempre vai ser minha (“antes de você, ela nunca tinha tido um significado tão perfeito”). Cuida bem da minha tatuagem e, embora você nunca tenha perguntado, SIM, era você quem eu escolheria.
Para quem está em Americana ou região:
12ª Campanha VIVA CAIO de Doação de Sangue e 8ª Campanha VIVA CAIO de Doação de Medula Óssea - http://www.vivacaio.org.br/
E, para quem quiser colaborar mais, ajude a repor o banco de sangue do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Melhor ainda se o seu sangue for O+!
quarta-feira, setembro 29, 2010
Eu não sei o que ainda o traz a mim. Eu não tenho ideia do que pode fazê-lo querer me encontrar depois de tudo e tanto! Eu desconheço totalmente o que o motiva a ligar e pedir para me encontrar. "Hoje, eu quero te ver hoje!". Eu já não me reconheço há tanto tempo. Não reconheço minhas atitudes, meu corpo, meu cabelo, meu sorriso... Não sei onde se escondeu aquela garota que você conheceu anos atrás. Não sei onde está a explicação para tantas coisas incertas, confusas e inexplicáveis. Você mesmo já me perguntou onde foi parar a minha coragem, a minha vontade, a minha vida. Eu não sei. Eu não sei de tantas coisas! Eu não sei onde foi que eu errei e muito menos onde acertei. Eu não sei nada de mim, de você, de nós. Eu sei que estou tentando encontrar muitas coisas perdidas. E estou começando por mim.
terça-feira, agosto 17, 2010
A bem da verdade é que anda me faltando tempo para praticamente tudo. Tempo para descansar, para dormir, para ligar para os amigos e alguns familiares, para estudar, para escrever, para assistir a algum programa bobo e, por que não, até mesmo para pensar.
O trabalho tem me consumido quase que em tempo integral, quando não estou trabalhando, estou dormindo - por, no máximo, seis horas (mas só porque o corpo exige, eu nem faço tanta questão assim).
Isso tudo durante a semana. Porque eu ainda me dou ao luxo de ter dois dias de folga inteirinhos (normalmente, para viajar - a mente até descansa, mas o corpo não, ele sai andando, voando e chacoalhando na estrada).
E eu tenho cada vez mais certeza de que a solução para a minha vida é um teletransporte. Enquanto ele não vem, eu fico quicando lá e cá - entre dois estados e quatro cidades. Assim como meu corpo quica, minha mente também vai pulando de texto em texto, de tese em tese, de anúncio em anúncio por aí. Cansada, mas satisfeita. Estafada até, mas convencida de que antes a correria do que o puro ócio.
segunda-feira, agosto 02, 2010
quarta-feira, julho 28, 2010
terça-feira, julho 27, 2010
(...) A cor do sol está brilhando e anuncia um novo dia de folia!
A inocência do respeito, a alegria de estar sério, o bom humor e sentimento nós vamos levar. Deixar pra trás maus pensamentos, desequilíbrios, as amarguras. Viver em paz todo o momento, dentro de casa, no meio da rua.
Se você acha impossível ter tudo isso e um amor tranquilo, que tal tentar só um pouquinho?
Experimente ver no que dá!
quarta-feira, julho 14, 2010
Faz tempo, muito tempo, que eu não sento de acordo para escrever. Confesso que anda me faltando um pouco de disposição, mas acredito que seja mais conveniente falar que a falta de tempo é a culpada de tudo. Trabalhos de lá e de cá, estudos e viagens têm sido minhas atividades – graças a Deus. Eu poderia vir aqui e escrever todas as piadinhas infames que ouvi e recebi por e-mail sobre o goleiro Bruno (não gosto nem de lembrar que eu já o vi assim, de pertinho, no aeroporto, e, pior, que já viajei no mesmíssimo voo que ele e, meu Deus, TODO o time do Flamengo), mas eu não tenho muito estômago para isso. Então, resolvi citar a Copa do Mundo, mesmo que o Brasil não tenha tido muito êxito. Acho que, pela primeira vez, eu acompanhei uma Copa do início ao fim. Tinha até uma tabelinha para preencher os resultados e não me incomodei de, durante um mês, a programação da televisão se limitar ao futebol. Aliás, a partir do momento que você começa a namorar alguém que torce pelo mesmo time que você, o futebol parece bem menos chato que antes – até fui ver jogos no Morumbi e no Maracanã (ai, a lembrança do goleiro de novo – argh). E já que a Copa acabou, fecho este post com o vídeo de uma das músicas que mais ouvi desde o dia 11 de junho:
O brilho voltou. E não há nada que possa fazer você mais feliz agora.
Bem, na verdade, pode até ser que haja (mas isso você só vai descobrir nos próximos dias). De qualquer forma, o brilho voltou.
E apesar da chuva, do frio e da goteira bem em cima da sua cama, a paz voltou. E é isso, só isso, que importa.
segunda-feira, julho 05, 2010
O jovem casal parou diante do jardim e ali ficou, sem palavra ou gesto, apenas olhando. A noite cálida, sem vento. Uma menina loura surgiu na alameda de areia branco-azulada e veio correndo. Ficou a uma certa distância dos forasteiros, observando-os com curiosidade enquanto comia a fatia de bolo que tirou do bolso do avental.
- Vai me dar um pedaço deste bolo? – pediu a jovem estendendo a mão. – Me dá um pedaço, hem, menininha?
- Ela não entende – ele disse.
A jovem levou a mão até a boca.
- Comer, comer! Estou com fome – insistiu na mímica que se acelerou, exasperada. – Quero comer!
- Aqui é a Holanda, querida. Ninguém entende.
A menina foi se afastando de costas. E desatou a correr pelo mesmo caminho por onde viera.
(...)
- Queria um chocolate quente com bolo. O creme, eu enchia uma colher de creme que se espalhava na minha boca, eu abria a boca...
Abriu a boca. Fechou os olhos.
Ele sorriu.
- Estou ouvindo uma música, a gente podia dançar. Se a gente se amasse a gente saía dançando.
Ela levantou as mãos e passou as pontas dos dedos nos cabelos. Na boca.
- E agora? O que acontece quando não se tem mais nada com o amor?
Quase ele levou de novo a mão no bolso para pegar o cigarro, onde fumara o último?
- Quando acaba o amor, sopra o vento e a gente vira outra coisa – respondeu ele.
- Que coisa?
- Sei lá. Não quero é voltar a ser gente, eu teria que conviver com as pessoas e as pessoas... – ele murmurou. – Queria ser um passarinho, vi um dia um passarinho bem de perto e achei que devia ser simples a vida de um passarinho de penas azuis, os olhinhos lustrosos. Acho que eu queria ser aquele passarinho.
- Nunca me teria como companheira, nunca. Gosto de mel, acho que quero ser uma borboleta. É fácil a vida de borboleta?
- É curta.
O vento soprou tão forte que a menina loura teve que parar porque o avental lhe tapou a cara. Segurou o avental, arrumou a fatia de bolo dentro do guardanapo e olhou em redor. Aproximou-se do banco vazio. Procurou os forasteiros por entre as árvores, voltou até o banco e alongou o olhar meio desapontado pela alameda também deserta. Ficou esfregando as solas dos sapatos na areia fina. Guardou o bolo no bolso e agachou-se para ver melhor o passarinho de penas azuis bicando com disciplinada voracidade a borboleta que procurava se esconder debaixo do banco de pedra.
(LFT)
sexta-feira, julho 02, 2010
Resumo SENSACIONAL do que foi o jogo do Brasil nesta sexta-feira (que começou azul e terminou alaranjada, logo depois do almoço). Aqui ó.
[Roniel, meu jornalista preferido]
quarta-feira, junho 30, 2010
(...) Eu sou apenas duas: a verdadeira e a outra. Uma outra tão calculista que às vezes me aborreço até a náusea. Me deixa em paz! - peço e ela se põe a uma certa distância, me observando e sorrindo. Não nasceu comigo mas vai morrer comigo e nem na hora da morte permitirá que me descabele aos urros, Não quero morrer, não quero! Até nessa hora sei que vai me olhar de maxilares apertados e olho inimigo no auge da inimizade: Você vai morrer sim senhora e sem fazer papel miserável, está ouvindo? Lanço mão do meu último argumento, tenho ainda que escrever um livro tão maravilhoso... E as pessoas que me amam vão sofrer tanto! E ela, implacável: Ora, querida, as pessoas estão fazendo montes. E o livro não ia ser tão maravilhoso assim.
[Lygia Fagundes Telles]
Pois que os campos sejam a paisagem da única janela.
Que as flores sejam as únicas mãos.
Pois que o fim de tarde seja o único tempo para viver e o espaço sozinho ocupe mais do que qualquer imagem.
Que o peso da alma não seja mais do que um suspiro.
Pois que não anseio nem amor, nem tempo, nem futuro
a não ser
este tempo, este presente, esta janela, estas mãos numa única verdade
sempre sem fim.
[Ana Marta Fortuna]
Que as flores sejam as únicas mãos.
Pois que o fim de tarde seja o único tempo para viver e o espaço sozinho ocupe mais do que qualquer imagem.
Que o peso da alma não seja mais do que um suspiro.
Pois que não anseio nem amor, nem tempo, nem futuro
a não ser
este tempo, este presente, esta janela, estas mãos numa única verdade
sempre sem fim.
[Ana Marta Fortuna]
Vale a pena postar de novo. Dentre tantas, as que mais me interessam:
A vida não é justa, mas ainda é boa.
Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.
Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.
Sele a paz com seu passado (e com o de outras pessoas também) para que ele não estrague seu presente.
Respire bem fundo. Isso acalma a mente.
Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso. (isso inclui pessoas)
O que não te mata realmente te torna mais forte.
Ninguém é responsável pela sua felicidade além de você. (pena que, na maioria das vezes, nossa infelicidade é por conta de outras pessoas)
Encare cada "suposto desastre" com essas palavras: em cinco anos, isso vai importar?
O tempo cura quase tudo. Dê tempo.
Independentemente de a situação ser boa ou ruim, ela irá mudar.
A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.
A vida não é justa, mas ainda é boa.
Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.
Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.
Sele a paz com seu passado (e com o de outras pessoas também) para que ele não estrague seu presente.
Respire bem fundo. Isso acalma a mente.
Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso. (isso inclui pessoas)
O que não te mata realmente te torna mais forte.
Ninguém é responsável pela sua felicidade além de você. (pena que, na maioria das vezes, nossa infelicidade é por conta de outras pessoas)
Encare cada "suposto desastre" com essas palavras: em cinco anos, isso vai importar?
O tempo cura quase tudo. Dê tempo.
Independentemente de a situação ser boa ou ruim, ela irá mudar.
A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.
terça-feira, junho 29, 2010
quarta-feira, junho 23, 2010
quarta-feira, junho 16, 2010
terça-feira, junho 15, 2010
domingo, maio 30, 2010
Naquele dia, ela dirigiu mais rápido que o habitual, com os vidros abertos, e escutou, em um volume além do suportável, o último CD que havia comprado. Corria para deixar para trás cada tristeza e cada frustração dos últimos dias. O vento entrava para secar a enxurrada de lágrimas, que parecia cair em harmonia com a música. Ouvia um som tão alto (sem cantar junto) exatamente para tentar não escutar seus pensamentos. Ela ignorava cada placa, na esperança de que ainda soubesse o caminho de casa. De repente, foi parada em um posto policial. Ela se limitou a olhar, sem nenhuma expressão, para o policial e foi liberada - "Pode prosseguir, senhora. Boa viagem." - e ela seguiu com a impressão de que havia uma expressão de compaixão no rosto do rapaz fardado. Quando notou, já estava em uma estrada familiar, a caminho de casa. Tudo parecia no lugar, menos seu coração. Ela o deixou na estrada, para que, talvez, ele também encontre o caminho de casa.
segunda-feira, maio 24, 2010
Não fique triste assim
Não vale a pena
Erros e acertos
São filhos do mesmo pai
E a mãe que fez a dúvida
Deu vida a certeza
O tempo há de mostrar
O mundo se transformar
Mais triste é quem diz
Que para um problema
Só existe a solução
Da matemática
O que me faz feliz
São coisas pequenas
Um lindo arco-íris
Riscando o fim de tarde
E eu olho pra você
E vejo toda a graça
Seus olhos brilham pretos
Seus lábios sem palavras
Seus gestos com timidez
Seus dedos bem pintados
Seu rosto sem segredos
Sorrindo leite em lágrimas
Guarde esse amor
Ele é todo seu
Lindo como a flor
Livre como um deus
[Livre como um Deus - Nando Reis]
sábado, maio 22, 2010
Já não é de hoje que eu havia decidido que pensaria inúmeras vezes antes de me entristecer ou deixar escorrer uma lágrima. Já não é de hoje que eu percebi que muitas pessoas parecem sofrer "à toa", embora, para elas, a dor daquele momento é a pior de todas (geralmente, dores de [des]amor). Só o dono da dor sabe o quanto dói. Há não muito tempo, eu cheguei à conclusão de que essas dores do coração são naturais, mas que não valem toda nossa dedicação. Tristeza de verdade é perder alguém por força maior - a morte é uma coisa muito complicada de se entender mesmo. É natural ficar triste pelo término de qualquer tipo de relacionamento, por exemplo, mas daí a parar sua vida em função disso, eu sempre achei um tanto exagerado. É mais que compreensível a tristeza ao descobrir (ou se deparar com) uma mentira, uma decepção, mas carregar mágoa e rancor por muito mais tempo só vai fazer mal a quem não consegue superar tal dor. Afinal, quem causou esse sentimento, geralmente, não parece se importar muito com a pobre criatura sofredora. E eu nem sei se isso pode ser considerado uma maldade, de fato. É a vida, talvez. Mas há dias em que, apesar de tudo estar aparentemente bem, a dona tristeza bate à porta e entra, sem que tenhamos muita escolha. Ela fica ali sentada no sofá, olhando pra nossa cara, desafiando nosso autocontrole. Muitas vezes, ela vem disfarçada - aparece em forma de angústia, insegurança, irritação, desânimo. Não importa muito a vestimenta, o fato é que ela está por perto e cabe a nós, pobres mortais, controlar a situação. Ela pode usar qualquer acontecimento como uma desculpa plausível para dar as caras: carência afetiva, falta de dinheiro, desemprego, aparência física, problemas de saúde, saudade... (ou tudojunto mesmo). Podemos nos render, deitar no colo dela e chorar até desidratar, só para que ela não perca viagem. Podemos sair de casa e deixá-la sozinha; pode ser que ela fique entediada e vá embora (ou não). A boa notícia é que uma hora ela vai embora, sim, mas, nesse caso, não precisamos ser bons anfitriões - quanto antes ela for embora, melhor.
Então, hoje, eu já coloquei a vassoura atrás da porta.
sexta-feira, maio 21, 2010
quinta-feira, maio 20, 2010
Em tempos de vacas anoréxicas, resolvi parar com essa história de pagar para andar sem sair do lugar (leia-se: fazer esteira na academia) e colocar as pernocas para andar, de verdade. Pelo menos três vezes por semana, eujuroquevoutentar percorrer um trajeto de 4,5 km a pé, passando pelo bairro em que morei os meus primeiros 15 anos de vida, reparando em cada casa que virou estabelecimento comercial (inclusive a minha) e dando "bom dia" para as vovós e vovôs em suas caminhadas matinais.
Esta semana eu já fiz a minha parte.
terça-feira, maio 18, 2010
Quando as coisas acontecem assim, de uma hora pra outra, seja coisa supostamente boa ou supostamente ruim, pode ter certeza de que aí tem. O que parece ser bom talvez não seja tão bom assim. E o que é ruim tem sempre o seu lado bom, sim. Desde um namoro que está prestes a virar casamento em pouquíssimo tempo até o quase casamento que fracassou sem muita explicação - tome cuidado ou agradeça (aí tem).
quinta-feira, maio 13, 2010
Será que eu posso ser considerada uma pessoa suspeita?
[Senhora, por favor, para que possamos efetuar o embarque, é preciso retirar seu braço.]
[Senhora, por favor, para que possamos efetuar o embarque, é preciso retirar seu braço.]
De uns tempos pra cá (e bota tempo nisso) eu tenho lido e ouvido algumas (muitas) coisas sobre relacionamento, comportamento e outros entos do gênero. E de tudo que eu ouvi e li (pouco falei, acredite), me deparei com algumas constatações muito óbvias, mas que tem gente que parece não entender. Escolhi três, só para uma pequena demonstração.
Personalidade forte, muitas vezes, significa que o ser é pra lá de inconveniente (chato, mal-amado, infeliz).
Quem se diz muito bem-resolvido, na verdade, é abarrotado de insegurança e medo.
Quem desdenha quer comprar, sim.
terça-feira, maio 11, 2010
(...) When I fall in love, I take my time
There's no need to hurry when I'm making up my mind
You can turn off the sun but I'm still gonna shine and I'll tell you why
Because
The remedy is the experience. It is a dangerous liaison
I say the comedy is that its serious. Which is a strange enough new play on words
I say the tragedy is how you're gonna spend the rest of your nights with the light on
So shine the light on all of your friends when it all amounts to nothing in the end.
I won't worry my life away.
[The remedy]
quarta-feira, maio 05, 2010
"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."
[Gabriel García Márquez - "Memória de minhas putas tristes"]
terça-feira, maio 04, 2010
Porque eu gosto muito de coisas assim.
Próximos shows:
Recife - teatro Guararapes - 04 (hoje), 05 e 06 de maio, às 21h.
São Paulo - teatro Anhembi - 08 de maio, às 18h. E 9 de maio, às 21h.
Porto Alegre - teatro Sesi - 12, 13, 14 de maio, às 21h.
Brasília - teatro Nacional - 19, 20, 21, 22, ás 21h e 23 de maio (duas sessões) às 18h e 21h
Preços: de R$ 50 a 140, com pequenas variações em cada capital
Próximos shows:
Recife - teatro Guararapes - 04 (hoje), 05 e 06 de maio, às 21h.
São Paulo - teatro Anhembi - 08 de maio, às 18h. E 9 de maio, às 21h.
Porto Alegre - teatro Sesi - 12, 13, 14 de maio, às 21h.
Brasília - teatro Nacional - 19, 20, 21, 22, ás 21h e 23 de maio (duas sessões) às 18h e 21h
Preços: de R$ 50 a 140, com pequenas variações em cada capital